“Selic pode e é desejável que seja menor”, diz auxiliar de Haddad

Secretário do Tesouro Nacional, e um dos principais auxiliares do ministro Fernando Haddad, Rogério Ceron considerou que é possível e “desejável” que a taxa básica de juros, a Selic, seja menor. A taxa está em 10,50% ao ano e a previsão do mercado financeiro é que ela termine 2024 nesse mesmo patamar.

Termina nesta quarta-feira (31/7) a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que ocorre a cada 45 dias e decide o novo patamar da Selic. A expectativa é de que a taxa seja mantida.

Em entrevista ao Metrópoles na terça (30/7), Ceron lembrou que taxa de juros no início do governo Lula (PT), em 2023, estava num patamar de quase 14% ao ano e foi caindo paulatinamente a partir de meados do ano passado.

“Com todo esse trabalho de adotar medidas, sinalizar a recuperação do quadro fiscal, a inflação controlada, tudo isso foi gerando o ambiente para o Banco Central começar um processo de redução da taxa Selic”, afirmou o secretário.

Mas ponderou: “Ainda assim, é alta. Ela pode e é desejável que ela seja menor. Houve uma interrupção por conta de uma incerteza que envolve o cenário global, envolve o cenário doméstico, tem muitas variáveis influenciando essa discussão e (isso) fez com que o Banco Central fizesse uma parada técnica para avaliar o desdobramento desses cenários. Mas ainda temos ali uma inflação super controlada para o nosso padrão histórico”.

Segundo ele, assim que as expectativas estiverem ancoradas novamente, será possível voltar a um processo de relaxamento monetário, isto é, voltar a reduzir a taxa Selic.

Assista:

Ao chamar a interrupção do ciclo de cortes de “parada técnica”, Rogério Ceron disse que no ano que vem será possível levar a taxa a um dígito. Para 2025, a previsão dos analistas do mercado financeiro é que a taxa fique em 9,50% ao ano e, para 2026 e 2027, em 9%.

O secretário do Tesouro explicou por que é bom ter juros menores: “Quanto menores forem, mais incentivo a crédito, crédito habitacional, crédito das famílias, a economia gira melhor com uma taxa de juros menor. E ela impacta a dívida pública também. Então, a taxa de juros, quanto menor for, menor o custo para o Tesouro Nacional de suportar a rolagem da dívida pública”.

Ele ainda indicou que a Fazenda vai continuar fazendo seu trabalho no âmbito fiscal para apoiar o Banco Central na política monetária. “Tenho certeza de que todos querem a menor taxa de juros possível, mas a ser feita de forma sustentada também.”

E concluiu: “Nós não podemos forçar algo que, depois, não seja perene. É importante que o país continue desse jeito, crescendo bem, com desemprego baixo, com inflação baixa e, assim, as coisas vão caminhando bem”.

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