Avanço no diagnóstico: tecnologia que detecta presença da leishmaniose!

Beatriz Rodrigues, doutoranda em Ciências Fisiológicas na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), está no caminho para revolucionar o diagnóstico de leishmaniose visceral humana (LVH). Com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), seu trabalho promete democratizar o acesso a diagnósticos precisos e acessíveis dessa doença negligenciada.

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e mestre em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Beatriz foca no desenvolvimento de biossensores eletroquímicos capazes de identificar a LVH ainda em estágios iniciais.

Avanço no diagnóstico: tecnologia que detecta presença da leishmaniose! | Reprodução: Freepik

O potencial dos biossensores eletroquímicos no diagnóstico da Leishmaniose Visceral

A leishmaniose visceral, uma doença parasitária grave, representa um desafio significativo para a saúde pública em diversas regiões do mundo. O diagnóstico precoce e preciso dessa doença é fundamental para o sucesso do tratamento e para o controle da epidemia. Nesse contexto, os biossensores eletroquímicos emergem como uma promissora ferramenta para revolucionar a detecção da leishmaniose visceral.

Biossensores eletroquímicos são dispositivos analíticos que combinam elementos biológicos (como anticorpos, enzimas ou ácidos nucleicos) com transdutores eletroquímicos. Esses dispositivos são capazes de detectar a presença de substâncias específicas, como antígenos ou anticorpos relacionados a doenças, gerando um sinal elétrico que pode ser facilmente medido.

Como funcionam?

  1. Reconhecimento biológico: O elemento biológico do biossensor, geralmente imobilizado em uma superfície condutora, interage especificamente com a molécula alvo (por exemplo, um antígeno presente no sangue de um paciente com leishmaniose).
  2. Transdução eletroquímica: Essa interação biológica gera uma alteração mensurável nas propriedades eletroquímicas do sensor, que pode ser detectada por um transdutor eletroquímico.
  3. Sinal elétrico: O sinal elétrico gerado é proporcional à concentração da molécula alvo na amostra, permitindo a quantificação da substância de interesse.

Quão avançada está a pesquisa?

De acordo com Beatriz, o trabalho já obteve resultados promissores na detecção de biomarcadores específicos da LVH em amostras de soro. “Já demos um passo inicial crucial, demonstrando o potencial da nossa tecnologia para diagnóstico precoce. No entanto, precisamos superar desafios como a validação clínica em larga escala e garantir a acessibilidade para populações de baixa renda”, explica a pesquisadora.

Como a pesquisa pode impactar a sociedade?

A pesquisa de Beatriz tem o potencial de transformar o diagnóstico de LVH, tornando-o mais acessível, semelhante ao glicosímetro. Isso é especialmente relevante em regiões remotas e carentes de infraestrutura. Além disso, esses biossensores poderiam ser implementados em hemocentros para a triagem de doadores de sangue, diminuindo o risco de transmissão da doença por transfusões.

Aplicações no Diagnóstico da Leishmaniose Visceral

  • Detecção precoce: Biossensores eletroquímicos podem detectar marcadores da leishmaniose em estágios iniciais da doença, permitindo um diagnóstico mais precoce e um início mais rápido do tratamento.
  • Maior sensibilidade e especificidade: Esses sensores podem oferecer maior sensibilidade e especificidade em comparação com os métodos tradicionais, reduzindo o número de falsos positivos e falsos negativos.
  • Resultados rápidos: Os biossensores eletroquímicos podem fornecer resultados em tempo real ou em poucos minutos, agilizando o processo de diagnóstico e permitindo uma tomada de decisão mais rápida.
  • Portatilidade: Muitos biossensores eletroquímicos são portáteis e podem ser utilizados em locais remotos,facilitando o diagnóstico em áreas com recursos limitados.
  • Custo-benefício: A longo prazo, o uso de biossensores eletroquímicos pode reduzir os custos relacionados ao diagnóstico da leishmaniose visceral, tornando o acesso ao diagnóstico mais equitativo.

Qual é o papel da CAPES na pesquisa?

A bolsa da CAPES desempenha um papel fundamental na viabilização dos estudos de Beatriz. “Sem o apoio da CAPES, não seria possível me dedicar integralmente a um projeto tão relevante socialmente”, comenta. As bolsas e ações de fomento da CAPES são essenciais para a pesquisa científica no Brasil, permitindo que projetos inovadores avancem.

A visibilidade proporcionada pela CAPES, inclusive com a divulgação desta reportagem, é vital para o interesse público e científico sobre o tema. É uma forma de impulsionar descobertas que podem transformar realidades e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país.

Considerações finais

Beatriz Rodrigues e sua pesquisa representam um avanço significativo na área dos biossensores eletroquímicos para o diagnóstico de doenças negligenciadas. Seu trabalho não só aborda problemas técnicos e científicos, mas também sociais, ao buscar soluções acessíveis para populações vulneráveis.

O apoio da CAPES foi e continua sendo vital para o progresso dessa pesquisa, que promete melhorar significativamente a saúde pública no Brasil e ao redor do globo. A dedicação e inovação de Beatriz são um exemplo inspirador de como a ciência pode ser uma ferramenta poderosa para mudanças sociais positivas.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

Acesse o artigo publicado na revista científica “Biosensors & Bioelectronics”https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2666831924000535 

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