Luto na magistratura: autoridades lamentam morte de desembargador Edson Smaniotto

A morte do desembargador aposentado Edson Alfredo Martins Smaniotto, nesta sexta-feira (17/1), gerou comoção nos meios jurídico e político do Distrito Federal. Por meio de notas ou declarações nas redes sociais, autoridades das mais variadas esferas de poder lamentaram a enorme perda na magistratura brasileira.

O desembargador Diaulas Costa Ribeiro, do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), ficou profundamente abalado com a “partida” do amigo de 40 anos. Ao homenageá-lo, Diaulas relembrou da época em que Smaniotto ainda era promotor de Justiça, no pequeno município de Mineiros, em Goiás.

Quando Smaniotto estava recém-casado, Diaulas lembra que o amigo e a esposa enfrentavam dificuldades financeiras em função de sucessivos atrasos de salários. Naquele momento, a mãe de Edson Smaniotto lhe deu dinheiro para fazer algumas compras para a casa. No entanto, Smaniotto usou o dinheiro para se inscrever no concurso para juiz em Brasília. “Ele e sua mãe viajaram de ônibus para Brasília. Aqui, foram andando da antiga Rodoferroviária até o Tribunal de Justiça, onde ele faria a prova”, relembra Diaulas.

Paulo Renato Smaniotto (filho de Edson Smaniotto), Edson Smaniotto e Diaulas Costa Ribeiro

Smaniotto passou no concurso e, em 2010, quando se aposentou, cumpriu uma promessa feita quase três décadas antes por conseguir se tornar juiz: de novamente fazer uma longa caminhada, reeditando o gesto que havia feito com a matriarca no dia em que conquistou a tão sonhada toga. Foi então que Smaniotto e Diaulas, mesmo com roupas sociais, andaram juntos do TJDFT até a 216 Sul, num percurso de quase 10 quilômetros. “Só mostra a grandeza dele”, disse Diaulas, que também se solidarizou com os familiares:

“No magistério, tivemos juntos por quatro décadas. Somos padrinhos dos mesmos afilhados e, no fim do ano passado, recebemos, os dois, o título de Cidadão Honorário de Brasília. Que a morte não nos separe. E que os filhos Simone e Paulo Renato, e os netos, tenham força para superar a dor que é ainda maior pela perda da mãe, Marita Smaniotto, há poucos anos”, complementou Diaulas sobre o amigo.

Caminhada para pagar promessa

Ibaneis e presidente do TJDFT também lamentam

Smaniotto iniciou carreira no TJDFT em 1983, quando foi aprovado em 1º lugar no XI Concurso para Magistratura do DF e foi nomeado para o cargo de juiz de direito substituto do tribunal. Promovido em 1986, ele chegou ao cargo de desembargador em 1997.

Para Waldir Leôncio, presidente do TJDFT, a morte de Smaniotto representa uma perda irreparável. “Smaniotto foi um grande jurista, magistrado e advogado. Sua partida prematura é uma perda irreparável para o mundo jurídico, amigos e, principalmente, para sua família”, lamentou Leôncio.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, também expressou seu pesar e classificou o amigo como “humanista”.

“Com pesar, recebemos a notícia do falecimento do desembargador aposentado do TJDFT e estimado colega advogado Edson Smaniotto. Profundo humanista, durante sua carreira ele não apenas atuou como juiz, mas também como professor, demonstrando um profundo conhecimento sobre a realidade de Brasília, cidade que escolheu para chamar de lar”, declarou Ibaneis.

“Sua partida deixa um vazio significativo em toda a comunidade jurídica da capital, e sua ausência será sentida por todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar ao seu lado”, salientou o chefe do Executivo local.

Durante sua carreira, Smaniotto também se destacou como professor de direito penal no Centro Universitário Uniceplac. Seu legado, construído ao longo de décadas de dedicação ao direito, é um reflexo do compromisso com a Justiça. “O eminente desembargador Smaniotto foi um exemplo de vida. Deixa saudades. Honrou a toga em todos os momentos de sua vida, seja como juiz, desembargador, professor de direito penal e advogado militante após se aposentar no TJDFT”, declarou o também desembargador Roberval Belinati, primeiro vice-presidente do TJDFT.

O também desembargador do TJDFT Leonardo Bessa disse que a “partida prematura é uma perda irreparável para o mundo jurídico, amigos e, principalmente, familiares”.

Homenagem na CLDF

Em 2024, Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) concedeu o título de Cidadão Honorário de Brasília ao desembargador aposentado. Em nota, a Casa se manifestou dizendo ser um “momento de consternação e que a CLDF se solidariza com a família, os amigos e os colegas de magistratura do DF”.

Segundo informações de familiares, Smaniotto tomou café pela manhã em sua residência e passou a sentir náuseas, quando chamou a filha Simone Smaniotto. Em seguida, entrou em processo de parada cardíaca. Encaminhado ao Hospital Brasília, foi constatado o óbito às 11h58 por choque hipovolêmico.

A família comunica que o velório ocorrerá na Capela 5 do Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul, neste sábado (18/1) , entre 13h30 e 15h30. O sepultamento será às 16h.

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