Netanyahu fica por um fio após cessar-fogo entre Israel e Hamas

Alvo de polêmicas envolvendo seu governo desde o início do mandato como premiê de Israel, Benjamin Netanyahu agora vê a pressão interna aumentar após o acordo de cessar-fogo com o Hamas. Partidos de direita, da coalizão que mantém o primeiro-ministro no poder, agora ameaçam deixar o barco após o plano de paz.

Netanyahu pressionado

  • Benjamin Netanyahu é alvo de acusações de corrupção desde 2019. Ele é acusado de suborno, fraude e quebra de confiança.
  • O premiê israelense conseguiu se manter no poder, mesmo em meio às polêmicas envolvendo seu governo, por meio de uma coalizão com partidos ligados à alas conservadoras de Israel.
  • Agora, lideranças radicais ameaçam abandonar o governo caso o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza com o Hamas entre em vigor.

Ao todo, o grupo político de Netanyahu conquistou a maioria dos assentos no Knesset em 2022, e atualmente conta com 68 das 120 cadeiras no parlamento israelense.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, é o líder da rebelião contra o premiê israelense. O chefe do partido Otzma Yehudit ameaçou deixar a coalizão de partidos ligados à ultra-direita que colocou Netanyahu no poder, mas disse que pode voltar ao grupo político caso a guerra em Gaza seja reiniciada.

Para Ben-Gvir, a proposta de cessar-fogo aprovada pelo gabinete de Segurança de Israel, é “promíscua”.

“Portanto, se este acordo promíscuo for aprovado e implementado, o partido Otzama Yehudit não fará parte do governo e dele se retirará”, declarou o ministro da Segurança Nacional de Israel na quinta-feira (16/1). “Se a guerra com o Hamas for renovada com intensidade, com o propósito de decidir e concretizar os objetivos da guerra que não foram alcançados, voltaremos ao governo”.

Além da ameaça, Ben-Gvir ainda cobrou que membros de outros partidos que integram a coalizão tomem a mesma atitude que sua sigla. O pedido foi direcionado principalmente ao ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, O político é líder do partido HaTzionut HaDatit, que possuí oito cadeiras no parlamento israelense.

Possível colapso do governo

Smotrich chegou a dar declarações públicas contra o acordo de paz, mas voltou atrás após uma reunião com Netanyahu. O ministro, contudo, condicionou a continuidade do apoio de seu partido ao premiê de Israel ao retorno da guerra no enclave palestinos após o cessar-fogo.

“Não permanecerei no governo por um único dia se não voltarmos a lutar até a vitória”, disse Smotrich. “Quem sequestrar o sequestrado deve morrer, e após a libertação [de reféns israelenses na Faixa de Gaza] devemos retornar e eliminá-lo”.

Para se manter no poder em Israel, Netanyahu precisa manter ao menos 61 cadeiras no parlamento do país. Com a possível saída do partido de Ben-Gvir, a coalizão do premiê ainda manteria a maioria dos assentos, com 62. Contudo, a retirada da sigla de Smotrich significaria uma perda da maioria e o colapso do governo de Netanyahu.

Apesar do risco, analistas ouvidos pelo Metrópoles afirmam que o primeiro-ministro de Israel pode utilizar o acordo de cessar-fogo como uma jogada política futura.

“O acordo de soltura dos reféns é um acordo popular. O governo Netanyahu, obviamente, vai discursar em cima disso, vai tentar surfar nessa onda”, explica João Koatz, mestre em história pela Universidade de Tel-Aviv. “Se ele vai conseguir, ou não, são outros quinhentos”.

 

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