Alvo da PF por suspeita de propina recebeu R$ 120 mi da Marinha

A Transuniversal Pinturas e Anticorrosão, empresa com sede em Niterói, recebeu cerca de R$ 120 milhões desde 2011 da Marinha do Brasil.

A empresa tem como sócio André Martinez, flagrado pela Polícia Federal, em outubro de 2024, quando realizava um saque de R$ 345 mil no Banco do Brasil dentro da Base Naval da Marinha, na ilha Mocanguê, em Niterói (RJ).

A PF foi até a Base Naval após receber uma denúncia anônima que citava o destino do dinheiro sacado como propina para “algum membro do Comando da Marinha, a fim de que este praticasse ato de ofício”.

A Transuniversal tem dezenas de contratos com o ministério da Defesa relacionados em sua maioria com o Comando da Marinha. Há ainda contratos com o Arsenal da Marinha e a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron).

Após levantar as informações e ouvir André Martinez, a PF decidiu enviar o caso para o Ministério Público Militar. O motivo foi a suspeita de pagamento de propina a integrantes do Comando da Marinha. Nesses casos, a investigação se dá na esfera militar.

“Destaca-se, nesse ponto, que, apesar dos elementos probatórios amealhados nesta fase inicial da investigação apontarem que o valor sacado por André Luiz Bione Martinez seria utilizado para pagamento de vantagens indevidas observa-se que inexistem informações acerca dos destinatários, assim como qual ato de ofício foi praticado.”, diz a PF ao enviar o caso do MP Militar.

De acordo com o portal Transparência do governo federal, a Transuniversal tem contratos para diversos tipos de prestação de serviços.

Alguns deles, são para tratamento, limpeza e preparação de superfícies metálicas e outros para hidrojateamento a alta pressão (lavagem) em navios e embarcações da Base Naval do Rio de Janeiro.

Há ainda contratação para serviços de estaleiros, “englobando atividades de jateamento pneumático com abrasivo úmido”.

Ainda segundo o portal, atualmente, dois contratos ainda estão vigentes. Um no valor de R$ 8,4 milhões e outro de R$ 370 mil. Os dois firmados com o Comando da Marinha.

DEFESA

Por meio de nota, a Marinha do Brasil disse que não se manifesta sobre o caso, mas que “reitera seu compromisso com a sociedade brasileira e reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência.”

O empresário André Martinez disse a coluna que os valores sacados naquele dia seriam utilizados para o pagamento de funcionários da empresa. Segundo ele, esse procedimento sempre foi utilizado na empresa uma vez que muitos funcionários não possuem conta bancária ou outra forma de receber os valores.

O empresário disse ainda ter enviado, por meio de seu advogado, todos os documentos bancários que provam que os saques de altas quantias para pagamentos era praxe na empresa há muitos anos.

Os saques, afirmou, eram feitos sempre em datas próximas ao dia 5 e 20 de todo mês, quando era realizado o pagamento dos funcionários.

Ainda segundo ele, na data do flagrante feito pela PF, o valor era mais alto uma vez que estava pra se encerrar um dos contratos com a Marinha e, por isso, seria feito um acerto de contas com parte dos funcionários.

André Martinez afirmou que nunca realizou qualquer tipo de pagamento indevido a militares e que a empresa sempre atuou de forma legal, ganhando contratos por meio de licitações públicas e sempre seguindo as regras para contratação.

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