Banco Safra tem redução de capital de R$ 6 bi após saída de herdeiro

O Banco Safra teve uma redução de capital de R$ 6,184 bilhões, de R$ 19,196 bilhões para R$ 13,012 bilhões, com a saída de Alberto Safra, um dos herdeiros do bilionário Joseph Safra (1938-2020), em julho do ano passado.

O valor veio à tona a partir da aprovação do processo feita Banco Central (BC) e publicada na edição de segunda-feira (27/1) do Diário Oficial da União.

Entenda

  • A redução de capital ocorre após uma disputa judicial entre membros da família pela herança. Alberto processou a mãe, Vicky Safra, e os irmãos Jacob e David.
  • Joseph Safra morreu em 2020 e deixou uma fortuna estimada em US$ 23 bilhões.
  • Em julho de 2024, a família Safra anunciou um acordo “amigável”, por meio do qual Alberto Safra se desvinculava de seus interesses no Grupo J. Safra – ele já havia deixado o banco em 2019.

De acordo com o BC, a mudança no controle atinge:

  • Banco J. Safra S.A.;
  • Safra Distribuidora de Títulos e Valores Imobiliários;
  • Guide Investimentos;
  • Banco Alfa;
  • Financeira Alfa;
  • Safra Leasing;
  • Alfa Arrendamento Mercantil;
  • Banco Alfa de Investimentos;
  • Alfa Corretora de Câmbio e Valores Imobiliários;
  • Safra Crédito, Financiamento e Investimento;
  • Safra Sociedade de Crédito Direto.

O que diz o Banco Safra

  • Por meio de nota, o Banco Safra informou que “vem estruturando seu capital ao longo dos últimos anos, em decorrência dos ajustes societários”.
  • A instituição afirma ainda que seus sócios decidiram, em janeiro, por novo aumento de capital, no valor R$ 2,7 bilhões. A medida ainda depende de aprovação do BC.

“No ano de 2023 foi realizado um aumento de capital de R$ 7,4 bilhões. Em julho de 2024, foi deliberada a redução de R$ 6 bilhões, aprovada nesta data pelo Banco Central, mas que já estava refletida nos balanços do banco desde então”, diz o Banco Safra.

Família Safra: quem é quem

A disputa judicial jogou luz sobre a família de origem sírio-libanesa, cujo patriarca foi o banqueiro Jacob Safra. Libanês, ele se mudou para o Brasil em 1953 e fundou a Safra Importação e Comércio – empresa especializada em metais, máquinas e gado.

A família Safra é dona dos bancos J. Safra Sarasin, na Suíça, e Safra, no Brasil. Juntos, eles têm cerca de US$ 90 bilhões em ativos. O clã também tem imóveis como o Edifício Gherkin, em Londres, e o 660 Madison Avenue, em Nova York.

Joseph Safra

Descendente de uma longa linhagem de banqueiros, Joseph Safra foi o fundador do Grupo Safra. Ele morreu em dezembro de 2020, aos 82 anos.

Nascido no Líbano, em 1938, Joseph veio para o Brasil na década de 1960 e deu continuidade aos negócios do pai, Jacob. Com a morte do patriarca da família, Joseph assumiu o banco, ao lado dos irmãos. Em 1967, a família fundou a financeira Safra e, mais tarde, adquiriu o Banco Nacional Transatlântico – rebatizado como Banco de Santos.

No início dos anos 1970, a família comprou o Banco das Indústrias, que ganhou o nome de Banco Safra. Atualmente, a instituição está presente em 160 cidades de 25 países e conta com 36 mil funcionários e mais de R$ 1 trilhão de ativos sob gestão.

Em 2020, no ano de sua morte, a fortuna de Joseph Safra era estimada em R$ 119,08 bilhões, segundo a revista Forbes. Era o homem mais rico do Brasil.

Vicky Safra

Nascida na Grécia, a matriarca da família veio para o Brasil em 1950, ainda criança. Ela se casou com Joseph quando tinha apenas 17 anos, em 1969. O casal teve quatro filhos: Jacob, Esther, Alberto e David. “Foi um amor à primeira vista, um amor que duraria até o último momento”, costumava dizer, sobre a paixão pelo marido.

A fortuna de Vicky e dos quatro filhos é estimada em US$ 18 bilhões, de acordo com a Bloomberg. A família não confirma os números.

Atualmente com 72 anos, a viúva de Joseph Safra faz trabalhos voluntários e colabora com instituições de caridade. Ela é responsável pela Fundação Vicky e Joseph Safra.

Jacob Safra

Homônimo do avô e filho mais velho do casal Joseph e Vicky Safra, Jacob está à frente das operações internacionais do grupo. Ele é presidente do Conselho de Diretores do Safra National Bank, em Nova York. Também comanda o J. Safra Sarasin, na Suíça, além de empreendimentos imobiliários da família.

David Safra

Também antigo alvo de Alberto na Justiça, David integra o Conselho de Administração do Banco Safra e cuida dos negócios da família no Brasil. Ele participa, ainda, da administração dos empreendimentos imobiliários dos Safra no país.

Esther Safra

Hoje, Esther é educadora e diretora da Escola Beit Yaacov, em São Paulo, criada pela fundação da família Safra. Ela não foi alvo de Alberto na Justiça.

Alberto Safra

Responsável pela guerra jurídica na família, Alberto renunciou ao Conselho de Administração do Safra em novembro de 2019. Em 2021, ele e a família estiveram próximos de fechar um acordo sobre a herança do pai (uma fortuna de quase US$ 15 bilhões). As negociações, no entanto, travaram naquele momento.

Alberto tem empreendimentos próprios fora dos negócios da família. Em 2020, fundou a ASA Investments, que possui unidades de gestão de ativos e fortunas. A empresa, em seu site, anuncia que continuará a “tradição da família, mantendo os preceitos de gerações e fazendo prosperar o nome Safra”.

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