Gleisi diz que Selic alta é “péssima para o país”, mas isenta Galípolo

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o aumento da taxa básica de juros do país (Selic), anunciada nesta decisão desta quarta-feira (29/1) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), foi “péssimo para o país”. Segundo ela, a decisão não encontra qualquer explicação nos fundamentos da economia real. “Vai tornar mais cara a conta da dívida pública, sufocar as famílias endividadas, restringir o acesso ao crédito e o crescimento da atividade econômica”, escreveu no X.

Na primeira reunião sob a gestão do novo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Copom decidiu, por unanimidade, aumentar a Selic de 12,25% ao ano para 13,25% ao ano — um aumento de 1 ponto percentual.

Gleisi, porém, isentou Galípolo: “Neste momento sabemos que não resta muita alternativa ao novo presidente do BC, Gabriel Galípolo. Restam desafios para reposicionar as expectativas do mercado e a orientação da instituição que dirige”. O aumento já estava contratado desde a última reunião do Copom, em dezembro de 2024.


Entenda

  • A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação, que ficou acima do teto da meta em 2024.
  • Em 2024, a taxa básica de juros do país fechou em 12,25% ao ano – voltando ao mesmo percentual de novembro de 2023.
  • A expectativa é de novas altas nos juros ainda nos primeiros meses deste ano. Isso porque, na última ata do Copom, o BC adiantou que deveria fazer mais duas elevações, de pelo menos 1 ponto percentual, na taxa Selic no começo de 2025.
  • O mercado financeiro estima que a Selic ficará em 15% ao ano até o fim de 2025, segundo o relatório Focus.
  • Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula, que termina em 2026, e do mandato de Galípolo à frente do BC.

Veja o post de Gleisi:

Segundo o comunicado do BC, a taxa básica deverá ser elevada em mais um ponto percentual na próxima reunião, em março. Com isso, chegará a 14,25% ao ano, o mesmo patamar de julho de 2015, durante a crise no governo Dilma Rousseff. Antes disso, ela só havia chegado a esse nível em agosto de 2006.

Informou o Copom: “Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião [em março]”.

Essa indicação já era esperada por analistas. Parte desses técnicos, considera o quadro da economia piorou em muitos aspectos desde a penúltima reunião do Copom, realizada em dezembro, Essa deterioração atingiu, por exemplo, as expectativas de inflação.

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