Servidores do IBGE atacam Pochmann em carta: “Presidente paralelo”

Em mais um capítulo da crise no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), servidores de comunicação divulgaram nesta sexta-feira (31/1) uma carta pública na qual fazem novas críticas ao presidente Marcio Pochmann, a quem chamam de “presidente paralelo”.

No documento, a que o Metrópoles teve acesso, os servidores dizem que nesta semana Pochmann agendou uma “turnê” para divulgar um plano de trabalho em cinco capitais, sem incluir a sede do instituto, no Rio de Janeiro.

“Essa nova turnê se dirige a um universo paralelo, onde um IBGE paralelo será delirantemente propagado por um gestor cada vez mais fora da realidade. Um presidente paralelo”, criticam os mais de 200 signatários da carta.


Crise no IBGE

  • A criação da fundação IBGE + deflagrou uma nova crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e uma guerra de versões entre o presidente do órgão, Márcio Pochmann, e servidores.
  • A relação entre a cúpula da entidade e o sindicato já estava deteriorada desde agosto de 2024, quando houve a determinação de retorno ao trabalho presencial aos funcionários que estavam de home office desde a pandemia.
  • Marcio Pochmann foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho de 2023. Ligado à ala mais ideológica do PT, o economista enfrentou resistência quando assumiu.
  • O Instituto tem autonomia administrativa e é vinculado à estrutura do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), chefiado pela ministra Simone Tebet (MDB).

O grupo ainda afirma que os profissionais de comunicação trazidos ao IBGE por Pochmann se sobrepuseram aos servidores de carreira concursados.

“Impuseram uma dinâmica que saturou a página do IBGE na internet, a Agência IBGE e as redes sociais do Instituto com notícias sobre o presidente e suas realizações, em detrimento dos releases, notícias e postagens essencialmente relevantes sobre os resultados das pesquisas do instituto”, afirmam.

Nesta semana, em Brasília, Pochmann disse que a instituição tem sérios problemas de financiamento, que a sua gestão tentou estabilizar. “Apesar todo esse esforço, não foi possível nós vencermos o problema do subfinanciamento”, disse.

Na quarta-feira (29/1), o Ministério do Planejamento e o IBGE informaram que suspenderam temporariamente a iniciativa da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+), proposta voltada para o desenvolvimento institucional e a ampliação das fontes de recursos para o IBGE.

O ministério e o instituto disseram estar mapeando “modelos alternativos que podem ensejar alterações legislativas, o que requererá um diálogo franco e aberto com o Congresso Nacional”.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, foi a público também nesta quarta para defender o trabalho de Pochmann, alegando que há uma campanha contra ele de caráter político e partidário, que, na visão dela, “só interessa a quem teme o fortalecimento do IBGE”.

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