Congresso de conchavo, povo de palhaço

Foto: Jornalista André Lazzari

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A eleição de Davi Alcolumbre (UB-AP) como presidente do Senado e Hugo Motta (REP-PB) como presidente da Câmara dos Deputados no sábado (1º) mostrou novamente aos brasileiros o quanto o interesse próprio do Congresso Nacional se sobrepõe ao interesse da maioria dos eleitores. No sábado, por amplas maiorias, os parlamentares das duas Casas deram um sinal claro ao Brasil: as coisas só vão andar no país se andarem do nosso jeito.

Obviamente, o Poder Executivo tem muita culpa pelo momento perigoso o qual vivemos, com incertezas no campo econômico, desigualdade social, insegurança jurídica, entre outros grandes problemas. Mas o Poder Legislativo, que deveria ser crítico e fiscalizador desta gestão, através das emendas parlamentares e outros dispositivos legais e ilegais de negociação, deixa o Governo Federal amarrado a lobbies poderosos, que tem ampla representatividade no Congresso.

Os novos presidentes da Câmara e do Senado não vão agir para mudar isso. Os candidatos que propuseram atender ao anseio popular de maior moralidade no Parlamento, e os pedidos dos eleitores da direita, que são favoráveis à anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023, e a abertura de processos de impeachment contra o presidente Lula e ministros do STF, vão ficar a ver navios com o total apoio da maioria dos parlamentares que elegeram em 2022.

Muitos bolsonaristas já protestaram nas redes sociais, e querem ‘fazer uma limpa’ em 2026. Entretanto, nem mesmo políticos de primeira viagem e com um discurso moralista parecem, na maioria, resistir ao verde do dinheiro. Nós, seres humanos, somos absurdamente corruptíveis, falhamos todos os dias. Mas errar depois de tantos avisos e experiências recentes da nossa política nacional passa a ser uma burrice. Quando o Congresso Nacional faz acordo, conchavo, quase sempre o povo fica com o nariz de palhaço.

O conchavo pode funcionar

Um grupo de deputados do PL, com o apoio de parte do Centrão, está se movendo para trazer Bolsonaro de volta para a política após ter apoiado a eleição de Hugo Motta para a presidência da Câmara, segundo a newsletter The News. O ex-presidente está inelegível até 2030 por uma decisão do TSE, que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, acusado de levantar suspeitas sobre as urnas em um evento oficial, o que o desenquadra da Lei da Ficha Limpa.

Não à toa, agora, os membros da direita em Brasília estão querendo discutir uma mudança na Lei, ironicamente criada e apoiada na época por vários membros da direita. O grande objetivo é trazer Bolsonaro de volta para o jogo. A principal ideia é emplacar uma proposta que reduziria a pena de crimes eleitorais de oito anos para dois. Para valer em 2026, o Congresso teria que aprovar a mudança até outubro.

Recadinhos

  • Foram muito brandas as punições impostas pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), aos envolvidos na barbárie entre torcidas organizadas de Sport e Santa Cruz durante o sábado, em Recife, antes do clássico que foi jogado.
  • Apenas cinco jogos sem torcida e 14 pessoas presas, sendo que mais de 650 foram levadas para os postos policiais? Quem ficou com dó de quem aqui? Alguém, por acaso, gostou de ver uma mulher sendo estuprada à luz do dia por ‘torcedores’?
  • As negociações entre as forças de segurança de Santa Catarina e o Governo do Estado estão bastante intensas para reajuste salarial, conforme o jornalista Marcelo Lula. Não há indicativos que um consenso seja consolidado no dia de hoje.
  • Júlio Garcia consegue mais uma vez se tornar presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Será a quarta vez que o deputado do PSD presidirá o Legislativo Catarinense. Apenas o Sargento Lima (PL) se manifestou contrário ao colega.

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