Opinião: “o lado sindical dos congressistas”

Desde o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, os presidentes da Câmara Federal e do Senado vem sendo eleitos a partir de dois figurinos: ou são totalmente aliados do governo ou conseguem ser ungidos por conta do espírito de corpo dos congressistas. O segundo grupo, diga-se de passagem, se destaca neste cenário.

São parlamentares que prometem fortalecer o papel do Congresso e lutar por vantagens para o plenário – como se fossem líderes sindicais. Esses temas sempre foram importantes nessas eleições. Mas ganharam um papel preponderante desde que Severino Cavalcanti foi levado à presidência da Câmara, em 2005, naquilo que foi uma das primeiras manifestações de poder do Centrão.

A pauta dos candidatos vencedores ao comando do Poder Legislativo teve como destaque a defesa das emendas parlamentares, que recentemente foram alvo de uma queda de braço com o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal. Hugo Motta (imagem), o novo presidente da Câmara, disse o seguinte sobre o tema: “O Parlamento quer o orçamento destravado, já que votou uma lei com base neste acordo representado pelos três Poderes. Esperamos que o Judiciário destrave nosso orçamento. Com relação às prerrogativas, o Congresso não negocia essa questão. O Legislativo deve ser respeitado pelo seu tamanho e será assim que conduziremos a Casa”.

Davi Alcolumbre, que passa a presidir o Senado, também bateu nesta tecla: “Eu sempre defendi emenda. Sempre defendi que o parlamentar possa ter a condição de chegar nos rincões do Brasil onde o Estado brasileiro não vai chegar”.

Ao longo da campanha pela sucessão de Arthur Lira e de Rodrigo Pacheco, debateu-se inúmeras questões da atual conjuntura – desde a relação com o STF à Reforma Tributária, passando pela relação com o Executivo a chamada PL das Fake News.

Pouco se discutiu, no entanto, sobre o futuro do país. A troca de comando na Câmara e no Senado seria uma boa oportunidade para se falar sobre os grandes desafios do Brasil. Mas preferimos debater o presente e o passado no lugar de trocar ideias sobre tópicos que podem realmente mudar a vida dos brasileiros, como a diminuição do tamanho do Estado e um ambiente de negócios menos regulado e mais produtivo.

Em vez disso, os parlamentares preferiram conduzir um debate no qual eles próprios estavam no centro das discussões. Mas, com o Congresso dominado pelos políticos do Centrão, isso não chega a ser uma surpresa. Fica, agora, a expectativa em torno de Motta e Alcolumbre: uma vez empossados, vão deixar de advogar em causa dos próprios parlamentares e passar a trabalhar para resolver os problemas que assolam a Nação?

A conferir.

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