Café quente e a carestia (por Mirian Guaraciaba)

Está aí a última pesquisa Quaest, divulgada na segunda, 02/02. Lula sai na frente no primeiro turno. E ganha no segundo, em 2026. Bolsonaro inelegível abre espaço para Tarcísio de Freitas e o sertanejo de direita Gustavo Lima. Nenhum dos dois, até hoje, ameaça a vitória de Lula.

Semana passada, articulistas conhecidos – nem tão respeitados – elocubravam sobre o “desprestigio” de Lula. Até seu café estaria frio. Torcem pelo fim da era petista.

Aos 79 anos, o presidente da República parece inteirão para o quarto round. Mexeu na área de comunicação do governo. Fará novas mudanças. Se os resultados serão substanciais e consequentes não se sabe.

Lula precisa reconquistar eleitores que andam desanimados. No Nordeste, inclusive, alertou a governadora Fátima Bezerra. Foram os nordestinos que garantiram sua eleição em 2022.

A primeira movimentação foi boa. Lula concedeu entrevista coletiva na sexta e foi o assunto mais comentado nos sites, jornais e blogs, em todo o final de semana, concorrendo com a eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado, no sábado.

Há Indicadores positivos em seus dois anos de governo. Menor taxa histórica de desemprego, maior alcance de medidas na redução da miséria. De outro lado, problemas sérios a serem enfrentados. Carestia, o mais impactante.

A inflação não está sob controle, a população reclama, com razão. Os preços nos supermercados não param de surpreender, eleitores ou não de Lula. O gasto com alimentos é uma espada na cabeça dos consumidores. A conta não está fechando.

A Folha de São Paulo analisou 99 indicadores do governo, 66 melhoraram, segundo o jornal, 20 pioraram e 13 ficaram como estavam. Análise idêntica feita nos dois primeiros anos de Bolsonaro: 56% haviam piorado.

Entre todas as frentes a serem encaradas por Lula, a mais nociva, por óbvio, é a da oposição. Esperta, muitas vezes cruel, sem escrúpulos para lançar fakenews, a direita não se distrai. De nada adianta trocar o ministro da Comunicação se o governo, como um todo, não atuar de dentro para fora.

A “guerra dos bonés” é um exemplo claro. Diante da frase inocente “O Brasil é dos brasileiros”, a oposição veio com “Comida barata de novo”. Pega mais, fala mais. É o nó do governo nesse momento.

E o café? Continua quente no gabinete do presidente Lula. E o preço … nas alturas. O maior valor da saca em 28 anos. A oposição se diverte: “Não acredite em quem diz que tomou café e abasteceu o carro, no mesmo dia. Uma das duas coisas é mentira”.

 

Mirian Guaraciaba é jornalista 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.