Lula desafia Bolsonaro: “se for comigo, em 2026, vai perder outra vez”

“Porque não há possibilidade de a mentira ganhar uma eleição nesse país”, justificou o presidente, provocando o ex-presidente

Seguindo a nova diretriz de comunicação traçada pelo Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom mais incisivo contra Jair Bolsonaro. Em entrevista a rádios de Minas Gerais nesta quarta-feira, Lula provocou o ex-presidente, desafiando-o para um possível embate nas urnas em 2026.

“Se a Justiça entender que ele pode concorrer, ele vai concorrer. Mas, se for comigo, vai perder outra vez”, afirmou Lula, deixando claro que está pronto para enfrentar Bolsonaro em uma nova disputa eleitoral.

A provocação ocorre em um momento em que Bolsonaro, inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido à disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral, passou a admitir a possibilidade de voltar à corrida presidencial. A declaração de Lula reforça a estratégia de confronto direto com o ex-presidente, orientada pelo novo marqueteiro do governo, Sidônio Palmeira.

Na entrevista, Lula também se manifestou contra a discussão sobre uma possível anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, antes mesmo da conclusão dos julgamentos. O presidente foi enfático ao afirmar que não acredita que os responsáveis pelos atos antidemocráticos merecem perdão.

“Quem tentou dar um golpe e articulou a morte do presidente, do vice-presidente e do presidente do TSE não merece absolvição. Por menos do que eles fizeram, muita gente no Partido Comunista foi morto”, disse, referindo-se ao plano descoberto pela Polícia Federal, que apontou que Bolsonaro teria conhecimento da conspiração para assassinar Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Aliança com o PSD e embaraço ministerial

Lula também abordou sua relação com o PSD e reiterou que a aliança com o partido segue forte. No entanto, cometeu um deslize ao errar a composição ministerial da legenda.

“Tenho aliança muito forte com o PSD. Tenho três ministros do PSD no governo. Alexandre Silveira é ministro extraordinário, tem feito um trabalho excepcional e será mantido. Tenho o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que é grande ministro, e o ministro do Turismo”, afirmou.

Na realidade, o PSD comanda o Ministério da Pesca, com André de Paula. O Ministério do Turismo, citado por Lula, é chefiado por Celso Sabino, do União Brasil. Apesar da confusão, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já manifestou o desejo de assumir a pasta do Turismo.

Reação do governo à queda de popularidade

As declarações de Lula vêm em meio a uma estratégia de reação à queda na aprovação do governo. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada recentemente, a aprovação ao governo caiu de 52% para 47%, enquanto a reprovação subiu para 49%.

Os setores que tradicionalmente apoiam Lula, como eleitores de baixa renda e moradores do Nordeste, registraram quedas significativas na aprovação. O governo atribui esse recuo ao aumento dos preços dos alimentos e à crise envolvendo o Pix.

Para reverter esse cenário, o Planalto trocou o comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom), substituindo Paulo Pimenta pelo publicitário Sidônio Palmeira. A nova estratégia foca no enfrentamento ao bolsonarismo e na intensificação da presença digital do governo. Palmeira defende que mentiras e desinformações têm criado uma “cortina de fumaça” que impede a população de enxergar as conquistas da gestão.

Reforma ministerial gera impasse

A indefinição sobre a reforma ministerial tem ampliado a disputa por espaço entre partidos aliados. O Palácio do Planalto ainda não apresentou um plano concreto de redistribuição de cargos, o que tem gerado tensões no Congresso. As principais disputas envolvem PSD, PP e União Brasil, que buscam ampliar sua presença na Esplanada.

Com esse novo tom, Lula deixa claro que não pretende se esquivar do embate com Bolsonaro e busca consolidar sua base política enquanto enfrenta desafios na popularidade e na gestão de alianças.

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