Kassab dá meia volta, volver, e admite que Lula ainda pode se reeleger

Lula tem mais é que se acostumar a levar pancada, se é que já não se acostumou. Será assim até a abertura das urnas do segundo turno das eleições de 2026. Caso ele se reeleja, haverá uma trégua, o período de lua de mel que acabará no centésimo dia do seu novo mandato. Então a pancadaria recomeçará.

Foi assim com todos os presidentes eleitos desde o fim da ditadura de 64? À exceção de Fernando Henrique Cardoso no seu primeiro mandato, de certa forma foi, e de Bolsonaro até que a pandemia da Covid-19 começou a matar e ele preferiu associar-se ao vírus e a debochar dos brasileiros. Chegou a dizer que não era coveiro.

A pancadaria em Lula não foi tão forte no início do seu primeiro mandato (2023/2024) porque ele deu continuidade à política econômica de Fernando Henrique. E esfriou no final do seu segundo mandato porque sua popularidade estava nas alturas. Ao ceder o lugar a Dilma, a aprovação de Lula passava de 80%.

Agora que é menor do que a desaprovação (49% a 47%), a pancadaria recrudesce, diga ele o que disser, faça o que fizer. Há 10 dias, Lula foi criticado por ter dito que poderia intervir para baixar os preços dos alimentos. Como intervir? Deveria respeitar as leis do mercado. Lula recuou e, ontem, expressou-se de outra maneira.

Sugeriu a quem vai às compras de alimentos que troque produtos mais caros por produtos mais baratos. É o que as pessoas já fazem. Mas voltou a apanhar porque estaria culpando as pessoas pela alta dos preços. Ora, claramente, essa não foi sua intenção, mas isso não importa aos seus algozes – afinal, a eleição está logo ali.

Está logo ali, a direita carece de candidato para derrotar Lula e, se não bastasse, se apresentará dividida. O incumbente, desde que a reeleição foi adotada por aqui, tem lugar garantido no segundo turno e é considerado favorito. Essa lei só foi contrariada por Bolsonaro, embora,  por pouco ele não venceu.

Bolsonaro não tem mais até 2030, pelo menos.  E para além de 2030 porque será condenado pelo crime de golpe de Estado e sua inelegibilidade aumentará. Bolsonaro, porém, estará aqui para atrapalhar quem aspira a sucedê-lo como líder da direita. É uma praga que não desaparecerá, um aliado involuntário de Lula.

Gilberto Kassab, presidente do PSD e secretário de governo e Relações Institucionais, no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, sabe disso muito bem. Na semana passada, Kassab disse que Lula não seria reeleito se a eleição presidencial fosse hoje. Ontem, mudou de tom:

“Ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa sobre a eleição. Ele ainda pode reverter o cenário. Ele é forte”.

O PSD de Kassab é dono de três ministérios no governo Lula e quer mais. O MDB do ex-presidente Michel Temer tem três ministros e quer mais. O União-Brasil de David Alcolumbre, presidente do Senado, tem dois ministros e quer mais. Até o Republicanos, de Tarcísio, tem um ministro e também quer mais.

O que esses partidos não querem por enquanto é se comprometer em apoiar a reeleição de Lula e garantir seus votos para aprovar no Congresso os projetos do governo. Segue o baile.

 

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