O Big Capital: Petróleo, Finanças, e Big Techs (por Ricardo Guedes)

O petróleo faz guerra. O capital financeiro gera instabilidades para o lucro. As Big Techs representam, hoje, o domínio, o “dragão moderno”, da mitologia Grega, na tentativa do controle social. Como no filme de Glauber Rocha, “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, de 1969, estamos em uma situação onde São Jorge tenta lutar contra o Dragão, que assola um vilarejo.

Elon Musk assume o “Departamento de Eficiência Governamental”, fazendo uma varredura ideológica para a demissão daqueles que se opõem a Trump, como em George Orwell, em “1984”, onde “o Grande Irmão está de olho em você”. Sempre te olha, sempre te vigia. E agora te expulsa.

Trump representa o Big Capital. Todas as medidas protecionistas, com a taxação sobre os produtos estrangeiros, que não darão certo para a economia americana, que sempre viveu da eficiência e não da proteção, em nada afetam os negócios americanos do petróleo, do capital financeiro, e das Big Techs. Pelo contrário, vem aí mais lucro para quem manda, viabilizados por quem obedece.

Os devaneios são tantos, nem precisamos de listar: Groenlândia, Canal do Panamá, México, Canadá, Gaza… a “Grande Riviera” do Oriente Médio… e assim vai, e vamos, no susto de cada dia.

Todo o cair de impérios foi acompanhado por guerras. Após a Revolução Industrial, este é o segundo declínio de uma nação, precedido pela queda da Inglaterra em sua então hegemonia mundial, com a perda de colônias no final do século XIX e início do século XX, como a Índia (1858), Canadá (1867), Austrália (1901), e Nova Zelândia (1907); com a diminuição de receitas e sequência negativa na balança de pagamentos, com a guerra das tarifas e dumping em relação às crescentes economias da Alemanha e do Império Austro-Húngaro, tendo como desfecho a Primeira Guerra Mundial. Agora, o PIB dos Estados Unidos, que em 1960 representava 40% do PIB mundial, caiu para 26% em sua participação, com sequência negativa na balança de pagamentos. Os Estados Unidos com 26% da economia do mundo não impõem uma ordem mundial. Será conturbado, certamente, mas os outros países que representam hoje 74% da economia mundial irão se realinhar. Os EUA pavimentam o caminho da China, que cresce sua economia em taxas maiores do que as dos Estados Unidos. Esperamos que não haja guerra, o que seria fatal.

E as classes médias, o voto latino, e parte da classe empresarial dos EUA, que votaram em Trump, achando que estavam votando contra o status quo inoperante e que teriam o seu lugar ao sol, vão amargar a solidão, comprimidos que serão, na profunda ressaca do não acontecer. Se voltarão contra ele, já no futuro próximo, então subjugados, pelo manto da escuridão.

Hoje, 2.500 pessoas no mundo detêm, em patrimônio, o equivalente 12% do PIB mundial.

Como diz Wright Mills, em “The Power Elite”, manda o capital, executa o político. No vulgo popular, “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

As consequências se verão.

 

 

Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e Autor

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