“Inflação afeta diretamente o bolso das famílias”, diz Agostini

A inflação de janeiro veio dentro das expectativas medianas do mercado, mas ainda assim superou o teto da meta, fixado em 4,56% ao ano. Os dados divulgados nesta terça-feira evidenciam desafios adicionais para o Banco Central, que terá apenas cinco meses para conter a pressão inflacionária e evitar um descumprimento da meta estabelecida.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, destacou que o resultado, apesar de esperado, reforça a necessidade de um aperto monetário mais agressivo. “O Banco Central já vinha monitorando essa aceleração e, diante do atual cenário, é possível que a Selic seja elevada em um ritmo mais intenso“, afirmou Agostini. Segundo as projeções da Austin Rating, a taxa básica de juros pode atingir 16% ao ano, com um ciclo de alta prolongado até que a inflação comece a convergir para o centro da meta.

Principais pressões inflacionárias

Dentre os fatores que contribuíram para o aumento dos preços, a habitação teve impacto significativo, já que os aumentos já haviam sido sinalizados no IPCA-15. O vestuário, por sua vez, entrou em deflação devido à troca de coleções e liquidações sazonais.

Outro fator de destaque foi o setor de transportes, que registrou forte alta impulsionada não apenas pelos combustíveis, mas também pelos reajustes nas tarifas do transporte público em várias capitais do país. Além disso, despesas com saúde e despesas pessoais seguem em elevação, refletindo custos crescentes com medicamentos e serviços.

O impacto desse cenário é especialmente severo para as famílias de menor renda, que são mais afetadas pela alta nos alimentos e nos serviços essenciais. Para ele, “a inflação ainda afeta diretamente o bolso das famílias, principalmente aquelas com menor renda“.

Cenário internacional contribui para a inflação

O contexto internacional adiciona mais desafios à condução da política monetária no Brasil. O protecionismo comercial do ex-presidente Donald Trump, que anunciou novas tarifas sobre produtos de alguns países, incluindo o aço brasileiro, pode pressionar ainda mais o câmbio e contribuir para um ambiente inflacionário mais desafiador.

Diante desse cenário, os próximos meses serão determinantes para a condução da política econômica do país, com o Banco Central tendo que equilibrar a necessidade de conter a inflação sem comprometer a atividade econômica em um momento de incerteza global.

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