Morre ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, aos 96 anos

Faleceu na madrugada de hoje (12), em São Paulo, Antônio Delfim Netto, um dos economistas mais influentes do Brasil. Delfim Netto, que tinha 96 anos, estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein desde o último dia 5. A causa da morte não foi revelada, sendo divulgada apenas como “complicações no seu quadro de saúde”, conforme informou sua assessoria.

Delfim deixa uma filha e um neto. O enterro será restrito à família, sem velório aberto ao público.

A trajetória do homem por trás do “Milagre Econômico”

Delfim Netto foi um nome crucial na história econômica do Brasil, ocupando os ministérios da Fazenda, Agricultura e Planejamento durante o regime militar. Suas políticas econômicas, especialmente durante o período conhecido como “Milagre Econômico”, impulsionaram o crescimento do PIB brasileiro, com taxas de crescimento superiores a 10% ao ano.

Sua abordagem focava em atrair capital externo e estimular a produção interna, especialmente em setores como eletrodomésticos e automóveis. Delfim ficou conhecido pela frase “é preciso fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”, que representava sua visão de que o crescimento econômico precedia a distribuição de renda – uma divisão que, segundo críticos, nunca se concretizou de forma justa.

Controvérsias e o Ato Institucional Nº 5

Além de suas realizações econômicas, Delfim Netto também é lembrado por sua assinatura no Ato Institucional Nº 5 (AI-5) em 1968, um dos capítulos mais sombrios da ditadura militar, que endureceu o regime e permitiu a perseguição de opositores políticos. Esse período, marcado pela repressão e censura, teve Delfim como uma figura central, tanto em decisões econômicas quanto políticas.

Contribuições no cenário político e acadêmico

Após o fim da ditadura, Delfim Netto continuou sua carreira política, tornando-se deputado federal por São Paulo, cargo que exerceu por duas décadas, até 2007. Apesar de suas raízes no regime militar, ele manteve uma relação próxima com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o “Conselhão”, durante o segundo mandato de Lula.

No campo acadêmico, Delfim foi professor catedrático da USP e um dos economistas mais respeitados do Brasil, influenciando gerações de estudantes com suas pesquisas e ensinamentos.

Envolvimento na Operação Lava Jato

Nos últimos anos, Delfim Netto teve seu nome envolvido na Operação Lava Jato. Ele foi acusado de receber propina durante a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Em 2018, o Ministério Público Federal bloqueou R$ 4,4 milhões de suas contas, parte de um valor total de R$ 15 milhões que, segundo a acusação, ele teria recebido como propina.

Delfim sempre afirmou que os valores recebidos eram fruto de consultorias prestadas na criação do consórcio vencedor do leilão da usina.

A morte de Delfim Netto encerra um capítulo importante da história econômica e política do Brasil. Figura controversa e influente, ele moldou o cenário econômico durante o regime militar e continuou a impactar o Brasil em anos posteriores, deixando um legado complexo e multifacetado.

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