O peso do combustível no bolso do brasileiro: até onde vai essa escalada?

Foto: Givanildo Silva | Doutor em Ciências Contábeis e Administração

O preço da gasolina e do diesel no Brasil atinge patamares cada vez mais altos, impactando diretamente o orçamento dos consumidores. Com valores médios de R$ 6,37 por litro de gasolina e R$ 6,44 para o diesel, a realidade dos combustíveis no país reflete uma complexa composição de custos, que envolve desde a cotação internacional do petróleo até os tributos nacionais.

Por que a gasolina e o diesel estão tão caros?

O valor pago pelo consumidor nos postos de combustíveis é resultado de uma equação que envolve diversos fatores. O primeiro deles é a parcela da Petrobras, que representa o custo de produção e refino do petróleo, altamente influenciado pelo câmbio e pela variação do preço do barril no mercado internacional. No caso da gasolina, a estatal responde por R$ 2,20 do preço final (34,5%), enquanto no diesel esse valor chega a R$ 3,72 (57,8%).

Além disso, há os impostos federais e estaduais, que representam uma fatia significativa do custo final. O ICMS, cobrado pelos estados, sofreu um novo reajuste em fevereiro de 2025, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro na gasolina e de R$ 1,06 para R$ 1,12 no diesel. Somados aos tributos federais, como PIS/Cofins e Cide, a carga tributária sobre os combustíveis chega a mais de 30% do preço pago pelo consumidor.

Outros componentes incluem os custos de distribuição e revenda, que englobam transporte, armazenamento e margens de lucro dos postos. O setor de combustíveis também sofre influência da adição de biocombustíveis, com o etanol anidro representando 13,8% do preço da gasolina e o biodiesel compondo 14% do valor do diesel.

Reajustes e impactos no bolso do consumidor

Os recentes aumentos vêm sendo sentidos em todo o país. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o preço médio da gasolina subiu de R$ 5,97 para R$ 6,15 em um mês, enquanto o diesel saltou de R$ 6,10 para R$ 6,38 no mesmo período.

A política de preços da Petrobras, baseada na paridade internacional, também contribui para a volatilidade dos valores. Em fevereiro de 2025, a estatal reajustou o preço do diesel em R$ 0,22 por litro, elevando ainda mais os custos para caminhoneiros e empresas de transporte.

O que pode ser feito para baixar os preços?

A busca por soluções para reduzir o custo dos combustíveis no Brasil passa por diversas frentes. Entre as principais medidas que poderiam ser adotadas estão:

  • Revisão da política de preços da Petrobras, considerando os custos de produção nacional e reduzindo a dependência do dólar;
  • Redução da carga tributária, com isenção temporária de PIS/Cofins e ICMS em períodos de alta;
  • Criação de um fundo de estabilização, que amortize as oscilações do petróleo no mercado externo;
  • Aumento da mistura de biocombustíveis, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis;
  • Investimento na capacidade de refino, diminuindo a necessidade de importação de derivados de petróleo;
  • Incentivo a fontes alternativas de energia, como veículos elétricos e biocombustíveis sustentáveis.

A implementação dessas medidas, no entanto, exige um esforço conjunto entre governo, Petrobras e setor produtivo. Enquanto isso, o brasileiro segue lidando com a incerteza nos preços e a crescente pressão no orçamento para abastecer o tanque.

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