Quase 2 meses após anúncio, gestão Nunes trava nomeação de ex-prefeito

São Paulo — Quase dois meses depois de ser confirmado como o novo secretário-executivo de Desestatização e Parcerias da Prefeitura de São Paulo, o ex-prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado (PL) ainda não foi nomeado e sua ida para a gestão segue em impasse.

Machado estava entre os presentes na primeira reunião do novo secretariado feita pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), no dia 2 de janeiro, devidamente identificado na mesa como o novo titular da pasta. Ele também chegou a postar nas redes sociais que havia aceitado o convite.

O Metrópoles apurou que Luiz Fernando pode não ser mais nomeado por conta da insatisfação da gestão Nunes com o vereador do PL Lucas Pavanato, que tem adotado uma postura de oposição ao governo.

Além disso, interlocutores afirmam que a própria bancada do partido na Câmara Municipal teria ficado incomodada quando descobriram que não poderiam indicar aliados para cargos na secretaria de Desestatização, tida como uma pasta de caráter mais técnico. Há duas semanas, a bancada se reuniu com Machado para falar sobre a situação.

Outra leitura que corre entre membros do PL é de que a ida de Luiz Fernando para uma secretaria de destaque estaria gerando incômodo entre aliados do prefeito. A área é considerada estratégica pela gestão Nunes, que tem nas desestatizações e parcerias público-privadas uma de suas principais plataformas políticas.

O ex-prefeito é descrito como um quadro técnico e com boa desenvoltura, o que poderia roubar protagonismo de outros membros do núcleo duro de Nunes. Também há rumores que a pasta estaria sendo esvaziada, com contratos sob seu comando sendo transferidos para a Secretaria de Subprefeituras.

Oficialmente, a justificativa dada pela prefeitura é de que, ao receber o convite, Machado aceitou sob a condição de que tiraria férias até o início de fevereiro, quando começaria de fato no cargo. Ao retornar, ouviu de que seu nome precisaria passar pelo Conselho de Desestatização antes de ser confirmado. O conselho se reuniu na última terça-feira (18/2) e a indicação do ex-prefeito não foi pautada.

A certeza de que estaria confirmado no cargo era tanta que Machado chegou a mandar dois aliados, que ocupariam cargos na secretaria executiva para atuar ao seu lado, para iniciar a transição, mas receberam ordens de que só deveriam começar os trabalhos junto do novo titular.

Por enquanto, a Secretaria Executiva de Desestatização e Parcerias é ocupada interinamente por Clodoaldo Pelissioni, atual Secretário Executivo de Planejamento e Eficiência. “A gestão da pasta conta ainda com o Diretor-Presidente da SP Parcerias, Paulo Galli, que coordena as instruções e operações técnicas da equipe de servidores da secretaria”, informou a prefeitura em nota.

Indicação gerou intrigas

O Metrópoles mostrou que a indicação de Machado para compor o governo partiu do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), André do Prado (PL), e do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. A costura não teria passado pela ala municipal do partido, liderada pelo vereador Isac Félix e pelo deputado federal Antônio Carlos Rodrigues. A situação gerou insatisfação no PL municipal e na bancada de vereadores da legenda.

O ex-prefeito havia sido inicialmente oferecido para a secretário de Verde e Meio Ambiente, que já pertencia ao PL. Após o racha se tornar público, o partido indicou o ex-prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, para a pasta. Depois, Nunes acabou convidando Luiz Fernando Machado para Desestatização e Parcerias.

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