Carnaval: paz para os brasileiros (por Roberto Caminha Filho)

Mas atenção, autoridades! Que tal dar uma olhadinha nos manuais de economia antes da quarta-feira de cinzas?

Eita pau, chegou o Carnaval! Aquele momento sagrado do ano em que o brasileiro pode finalmente esquecer boletos, política e a vizinha que insiste em varrer a calçada para o lado errado. Durante quatro (ou quarenta) dias, somos uma nação unida por glitter, álcool, samba e uma resistência sobre-humana ao cansaço. Mas será que o Carnaval pode nos ensinar algo mais profundo? Será que entre um confete, três geladas e duas serpentinas, poderemos encontrar a tão sonhada paz?

Enquanto o resto do mundo se preocupa com crises financeiras, guerras comerciais e a próxima moda da calça skinny, o Brasil descobre que sua verdadeira vocação é exportar felicidade. Afinal, tem coisa mais rentável do que um país inteiro dançando ao som de um cavaquinho, dois surdos e dez tamborins? Os turistas chegam, gastam, se apaixonam e, quando vão embora, levam uma saudade imensa e um CPF que nunca mais vão usar.

Mas atenção, autoridades! Que tal dar uma olhadinha nos manuais de economia antes da quarta-feira de cinzas? Diminuir despesas, aumentar a poupança e, por que não, cortar aqueles cafezinhos gourmet pago com dinheiro público? O brasileiro já faz milagre com o salário mínimo – talvez esteja na hora dos governantes aprenderem também.

O Carnaval nos ensina que democracia de verdade acontece quando a galera decide entre ir no bloco da Ivete ou na roda de samba do Zeca. O voto é direto, transparente e, se alguém errar, pode mudar de ideia no meio do caminho sem precisar de CPI. Quem dera fosse assim na política real, né?

Falando nisso, não seria uma boa ideia enquadrar nossos representantes do povo para que eles realmente representem… o povo? Que tal garantir que apenas aqueles escolhidos nas urnas tenham poder de decisão? Ou será que a gente precisa de um desfile temático para explicar isso? As pesquisas qualitativas, aquelas feitas com os endividados e aprisionados em suas casas, estão dando o mesmo recado há mais de quatro meses. Se não sabem sobre economia, paguem para quem sabe …na prática.

O brasileiro não aguenta mais pressão. A gente já sofre para pagar aluguel, aguenta o VAR no futebol e sobrevive a tiozão do pavê no Natal. O que a gente não precisa é de tensão na economia, ainda mais se vier de fora. Se os americanos começarem a se mexer na direção da nossa bolsa de valores, aí sim, o Rei Momo chorará, a Kamélia pulará da ponte, o carnaval acaba – e sem bis.

Por isso, é hora de colocar gente treinada para distender essa tensão diplomática. Já imaginou um grupo de negociadores com a leveza de um mestre-sala e a precisão de uma porta-bandeira? O planejamento estratégico da Paola Oliveira para um ano de trabalhos de academia? Com um gingado certo, dá para resolver qualquer impasse sem perder a majestade. Se o Brasil sabe alguma coisa, é como lidar com jeitinho e simpatia.

No fim das contas, o Carnaval é o modelo de país que deveríamos buscar o ano inteiro: uma nação onde todo mundo tem voz, onde a alegria não é proibida e onde o povo sabe se reinventar. Se os governantes pararem de pular as responsabilidades e começarem a dançar conforme a música (com planejamento e seriedade), quem sabe não conquistamos a paz que tanto merecemos?

E se nada disso der certo, pelo menos a gente já sabe que, quando fevereiro ou março chegam, é hora de esquecer os problemas e se jogar na avenida. Porque, no Brasil, o ano só começa depois do Carnaval – e a esperança, essa, jamais morrerá.

É ripa na chulipa e pimba na gorduchinha!

 

Roberto Caminha Filho, economista, pede paz para o povo, durante o Carnaval.

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