Há vida em Próxima B, planeta “vizinho” da Terra?

A Constelação Alfa Centauri, localizada no hemisfério celestial sul, é um dos sistemas estelares mais fascinantes e próximos do nosso Sistema Solar, a aproximadamente 4,37 anos-luz da Terra. Composta por três estrelas — Alpha Centauri A, Alpha Centauri B e Proxima Centauri —, ela é um alvo central para a astronomia moderna, especialmente devido à sua proximidade e ao potencial de abrigar planetas habitáveis.

Alpha Centauri A e B formam um sistema binário, sendo estrelas semelhantes ao Sol, enquanto Proxima Centauri, uma anã vermelha, é a estrela mais próxima de nós, a 4,24 anos-luz, e orbita o par central a uma distância significativa.

Entre as estrelas do sistema, Proxima Centauri ganhou destaque com a descoberta, em 2016, de seu exoplaneta mais conhecido, Proxima Centauri b (ou Próxima b). Esse planeta, com uma massa 1,3 vezes maior que a da Terra, orbita sua estrela a cada 11,2 dias terrestres, a uma distância de cerca de 7 milhões de quilômetros — muito mais próximo do que Mercúrio está do Sol.

Apesar disso, Proxima Centauri é uma anã vermelha mais fria e menos luminosa que o Sol, o que permite que Proxima b esteja na zona habitável, onde a temperatura teoricamente permite a existência de água líquida na superfície, um componente essencial para a vida como a conhecemos.

As últimas pesquisas sobre as possibilidades de vida em Proxima b, atualizadas até 2025, continuam a gerar entusiasmo, mas também incertezas. Estudos recentes sugerem que o planeta pode ter uma composição rochosa, semelhante à Terra, e uma atmosfera potencialmente densa, o que ajudaria a redistribuir o calor entre o lado iluminado (sempre voltado para a estrela devido ao bloqueio de maré) e o lado escuro.

No entanto, desafios significativos persistem. Proxima Centauri é uma estrela ativa, com erupções frequentes de raios X e ultravioleta, que poderiam corroer ou impedir o desenvolvimento de uma atmosfera estável, essencial para sustentar vida. Além disso, a proximidade extrema com a estrela aumenta a exposição a radiação, o que pode tornar o ambiente hostil para formas de vida complexas.

Sinal extraterrestre?

Em 2019, um sinal de rádio intrigante detectado por um radiotelescópio na Austrália reacendeu especulações sobre Proxima b. Embora o sinal, identificado pelo projeto Breakthrough Listen, tenha aparecido apenas uma vez e não se repetido, ele levantou a hipótese de uma possível origem extraterrestre, embora a maioria dos cientistas acredite que pode ser resultado de interferência terrestre ou fenômenos naturais.

Até o momento, não há confirmação conclusiva, e o projeto planeja publicar um relatório detalhado nos próximos meses para esclarecer a origem do sinal.

Outras iniciativas, como o projeto NEAR (Near Earths in the Alpha Cen Region), que utiliza o Very Large Telescope no Chile, têm buscado sinais térmicos de planetas na zona habitável de Alpha Centauri A, enquanto missões como o Breakthrough Starshot exploram a possibilidade de enviar sondas miniatura ao sistema, embora uma viagem levaria décadas com a tecnologia atual.

Pesquisas recentes também indicam que Proxima b pode ser acompanhado por outros planetas, como Proxima c e Proxima d, mas sua habitabilidade permanece incerta devido a órbitas mais distantes ou condições menos favoráveis.

Apesar do otimismo, a comunidade científica permanece cautelosa. Modelos climáticos sugerem que, mesmo na zona habitável, Proxima b poderia ter condições extremas, como ventos fortes, nuvens densas e uma distribuição desigual de temperatura, limitando a possibilidade de vida avançada.

Observatórios de próxima geração, como o Telescópio James Webb, ainda não analisaram Proxima b diretamente, mas têm estudado sistemas similares, oferecendo pistas sobre atmosferas e composições planetárias que podem ser aplicadas a esse exoplaneta.

Em resumo, Proxima b continua sendo um dos alvos mais promissores na busca por vida extraterrestre, mas as últimas pesquisas indicam que sua habitabilidade é altamente especulativa.

Enquanto avanços tecnológicos e observações futuras podem trazer mais clareza, o planeta permanece um símbolo da curiosidade humana sobre a vida além da Terra, alimentando tanto a ciência quanto a imaginação popular

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