Dólar sobe, e mercado teme “dia sangrento” após tombo da Petrobras

O dólar abriu a sessão desta quinta-feira (27/2) em alta, no dia seguinte à divulgação do balanço financeiro da Petrobras referente ao ano passado – considerado frustrante pelos investidores.


O que aconteceu

  • Às 9h11, a moeda dos Estados Unidos avançava 0,21% e era negociada a R$ 5,81.
  • Na véspera, ainda antes do anúncio dos resultados da Petrobras, o dólar fechou o dia negociado a R$ 5,80, avançando 0,83% frente ao real.
  • Com o resultado, a moeda acumula alta de 1,26% na semana e baixa de 0,59% no mês e de 6,1% no ano.

O tombo da Petrobras

Em um dia movimentado no cenário econômico, com a divulgação de indicadores de emprego no Brasil e do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no quarto trimestre de 2024, as atenções do mercado financeiro devem se voltar à Petrobras.

A Petrobras reportou um prejuízo líquido de R$ 17,04 bilhões no quarto trimestre do ano passado, de acordo com dados divulgados pela companhia na noite desta quarta-feira (26/2).

Em 2024, a empresa registrou um lucro acumulado de R$ 36,6 bilhões – foi o sexto ano consecutivo de resultados positivos. Entretanto, em relação ao ano anterior, a queda foi de 70,6%.

Em 2023, a Petrobras havia registrado o maior lucro líquido de sua história: R$ 124,6 bilhões.

Analistas do mercado projetavam que a Petrobras teria um lucro de R$ 70 bilhões em 2024. Ou seja, o resultado do ano passado veio bem abaixo das expectativas.

Este foi o primeiro balanço anual divulgado pela Petrobras desde a posse da nova presidente da empresa, Magda Chambriard, em junho do ano passado.

Segundo a Petrobras, o resultado negativo do período entre outubro e dezembro se deve, principalmente, aos impactos da desvalorização cambial e a maiores provisões nas despesas operacionais.

Sem considerar esses chamados “eventos exclusivos”, diz a Petrobras, a companhia teria obtido lucro de R$ 17,7 bilhões.

Ainda de acordo com a Petrobras, houve uma “deterioração do ambiente externo com a redução do preço do petróleo e das margens internacionais do segmento de refino, além de menores volume de produção de petróleo”.

A receita líquida da empresa no último trimestre de 2024 foi de R$ 121,2 bilhões, o que representou uma queda anual de 9,7%.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 40,9 bilhões no trimestre, uma baixa de 38,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

As despesas operacionais da Petrobras foram de R$ 43,081 milhões, com uma alta anual de 31,9%.

Em 31 de dezembro de 2024, a dívida líquida da Petrobras somava US$ 52,2 bilhões. Na comparação com o mesmo período de 2023, a alta foi de 16,9%.

Ainda na noite de quarta-feira (26/2), pouco depois do anúncio dos resultados da companhia, os ADRs (American Depositary Receipts ou recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) da Petrobras registravam fortes perdas, em um prenúncio do que pode ocorrer no pregão desta quinta.

O ADR é um certificado que representa ações de uma empresa. Ele é emitido no exterior e negociado em países diferentes daquele de origem da companhia.

Por volta das 20h50 (pelo horário de Brasília), os papéis PBR (que equivalem às ações ordinários) da Petrobras desabavam 5,73% e eram negociados a US$ 13,50 no pós-mercado de Nova York.

Já os PBR-A (equivalentes aos papéis preferenciais) tombavam 5,04%, negociados a US$ 12,43.

Pnad Contínua

Ainda nesta quinta-feira, os investidores repercutem os dados de emprego divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a janeiro deste ano.

Segundo a Pnad Contínua, o desemprego no Brasil no primeiro mês de 2025 ficou em 6,5%. No mês anterior, o índice foi de 6,2%.

O resultado veio em linha com as estimativas do mercado, que indicavam um índice de desocupação de 6,6% no país.

Os dados do IBGE confirmam que a economia brasileira ainda vive um momento de aquecimento, apesar das elevadas taxas básicas de juros (atualmente em 13,25% ao ano).

Na véspera, houve o anúncio dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em janeiro deste ano, segundo a pasta, o Brasil criou 137,3 mil vagas formais de emprego, em resultado que superou as expectativas do mercado.

A projeção média do mercado apontava que o saldo final de vagas em janeiro deste ano seria positivo em cerca de 48 mil. O número representa o saldo entre vagas de trabalho abertas e fechadas em todo o país.

Os resultados do Caged e a Pnad Contínua reforçaram a preocupação no mercado de que a atividade econômica do país segue forte, o que pode agravar a inflação.

Com uma forte geração de empregos, o entendimento do mercado é o de que a atividade econômica do país vai demorar mais do que o esperado para desacelerar – o que, em última análise, pode forçar o Banco Central (BC) a manter uma política monetária mais restritiva, com juros ainda mais altos.

Os investidores também reagiram mal a declarações do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que classificou como uma “imbecilidade” a decisão do BC de subir os juros para controlar a inflação.

PIB dos Estados Unidos

No cenário externo, os Estados Unidos seguem no foco dos investidores. Nesta quinta, será divulgado o resultado do PIB norte-americano do quarto trimestre do ano passado.

A projeção média dos analistas do mercado é que a economia dos EUA tenha avançado 2,3% no quarto trimestre. No período anterior, a alta foi de 3,1%.

Bolsa de Valores

As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.

No dia anterior, o Ibovespa fechou o pregão em forte queda de 0,96%, aos 124,7 mil pontos.

Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula perdas de 1,86% na semana e 1,08% no mês e ganhos de 3,73% no ano.

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