As reinações de Narizinho na articulação de Lula, o pato manco

Gleisi Hoffmann foi escolhida para ser ministra da Secretaria de Relações Institucionais. Ou seja, será a responsável pela articulação política do governo Lula, que Deus o tenha.

A única articulação política que Lula conhece é pagar para que parlamentares votem a favor dele. Funcionou na época do mensalão, mas deixou de funcionar como nos bons tempos do lulopetismo.

Agora, o governo paga muito mais para não levar o que quer e o parlamento dispõe de uma montanha de dinheiro próprio na forma de emendas de todos os sabores, sem ter que fingir que presta satisfação do rachuncho. O braço judiciário do governo tenta cortar esse nó górdio, sempre com a imparcialidade que lhe é característica, mas a coisa já foi incorporada aos usos e costumes nativos.

Com Gleisi Hoffmann na distribuição do dinheiro dos pagadores de impostos para emendas, o patrão acha que a deputaria pode ser razoavelmente organizada. Que, uma vez ministra, ela convencerá a deputaria a fazer um toma lá dá cá menos desvantajoso para o presidente em busca da reeleição.

Como este colunista sempre disse aqui e alhures, Gleisi é a voz de Lula. Sempre foi e sempre será, inclusive quando fustiga Fernando Haddad, nos momentos em que o ministro da Fazenda tenta mostrar que não é poste. Ela tentará cumprir fielmente a missão que lhe foi confiada pelo presidente da República.

A sua missão, no entanto, está fadada ao fracasso, não tanto pela personalidade afável desse doce de pessoa que é Narizinho, mas porque Lula é cada vez mais pato manco. A sua desaprovação é recorde até mesmo pela métrica dos institutos de pesquisa que fazem conta de chegada para favorecê-lo, mas sempre com muita ciência.

Por que políticos com amor à Pátria só menor do que ao que nutrem por si próprios ajudariam um semelhante impopular a reeleger-se presidente da República? Nas suas reinações, Narizinho terá de se haver com essa questão incontornável, que está muito longe de ser shakespeariana.

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