Café a R$ 30 em Blumenau: economista explica alta nos preços e impactos para população

Um item presente no dia a dia dos brasileiros que teve um grande aumento nos mercados foi o café. Atualmente, o preço de um pacote de café, o equivalente a 500 gramas, custa R$ 29,99. A reportagem do jornal O Município Blumenau conversou com o professor de Economia do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Edmundo Pozes, que faz um acompanhamento mensal do preço de itens básicos no mercado.

De acordo com um levantamento realizado pelo professor em três estabelecimentos de Blumenau, Bistek, Komprão e Giassi, o preço do quilo do café subiu 39,3% entre janeiro e fevereiro deste ano. Para fazer a pesquisa, o professor considera o preço do quilo, ou seja, dois pacotes de café, já que um pacote tem 500 gramas.

Em janeiro de 2025, um quilo de café custava R$ 43,02 (R$ 21,51 por pacote de 500 gramas). Em fevereiro, o valor do quilo aumentou para R$ 59,94 (R$ 29,97 por pacote).

Os dados da pesquisa do professor apontam que um quilo de café custava R$ 27,16 em janeiro de 2022, R$ 29,74 em janeiro de 2023 e R$ 29,24 em janeiro de 2024. Segundo ele, a variação de janeiro de 2022 a janeiro de 2025 é 58,3%.

Fatores que levaram ao encarecimento

O aumento da demanda externa pelo café brasileiro e as adversidades climáticas são alguns dos fatores que elevam o preço do café. Com o aumento das exportações, o estoque diminui. Com as chuvas abaixo da média e as temperaturas elevadas em fevereiro, as safras do grão são impactadas diretamente.

“Entende-se que os preços estão elevados porque a oferta está limitada e os custos de produção e de transporte também aumentaram”, pontua o professor.

“O consumo no mundo aumentou e a grande procura de café na China também influencia nos preços. A crise climática afetou outros grandes produtores de café como o Vietnã, grande exportador mundial. O país asiático registrou redução de 17,2% na produção, que contribuiu para a queda global na oferta e maior procura pelo produto brasileiro”, acrescenta.

Edmundo analisa que, conforme os dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é o maior produtor mundial e o segundo maior consumidor de café, sendo que aqui é produzido 38% dos grãos de toda a produção global. Em 2024 ainda foi registrado recorde de exportações, com 50,4 milhões de sacas de café, um crescimento de 28,8% em relação ao ano anterior.

“O aumento nas exportações, por outro lado, intensificou a alta nos preços ao consumidor”, afirma.

Impactos ao consumidor

O professor de Economia analisa que o aumento do preço do café impacta diretamente no poder de compra do consumidor a longo prazo. “A inflação oficial (IPCA) acumulada de janeiro de 2022 a janeiro de 2025 é 16,2%; o aumento do preço do café é 58,3% – este percentual é 3,5 vezes maior à inflação no mesmo período. O impacto para o assalariado é gigantesco”, explica.

Ele afirma que há possibilidade da alta dos preços do café permanecer por mais dois ou três meses. “Entretanto, há a possibilidade de os preços se manterem elevados, pelo menos, até 2026, porque há expectativa de que as lavouras possam demorar para se recuperar”, finaliza.

Café fake

Com o crescente aumento do preço do café, surgiu no mercado o ‘café fake’. Na descrição do pacote, consta ‘pó para preparo de bebida sabor café’. No entanto, o pó com sabor de café não é o mesmo produto que o café tradicional.

Algumas embalagens, inclusive, são semelhantes a marcas tradicionais de café, o que pode induzir o consumidor a achar que se trata de café. Outro ponto é o valor, já que o pó sabor café é muito mais barato do que o produto original e tradicional.

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