Limpeza em estação espacial pode afetar saúde dos astronautas. Entenda

O cuidado com a limpeza costuma ser associado como um hábito benéfico para a saúde. Mas um novo estudo mostra o ambiente estéril da Estação Espacial Internacional (ISS) pode estar prejudicando a saúde dos astronautas. Os autores da pesquisa chegaram a sugerir torná-la “mais suja” para garantir melhor qualidade de vida no local.

O estudo, publicado na última quinta-feira (27/3) na revista Cell, ajuda a explicar porque os astronautas costumam apresentar problemas de saúde relacionados ao sistema imunológico, como infecções fúngicas, erupções cutâneas, herpes labial e herpes-zóster.

Depois de analisar amostras de 803 superfícies diferentes da ISS, os pesquisadores da Universidade da Califórnia, San Diego (EUA), descobriram que a estação espacial é tão estéril que não contém sequer os micróbios ambientais benéficos para o sistema imunológico, encontrados naturamente no solo e na água.

“Futuros ambientes construídos, incluindo estações espaciais, poderiam se beneficiar do fomento intencional de diversas comunidades microbianas que imitam melhor as exposições microbianas naturais experimentadas na Terra, em vez de depender de espaços altamente higienizados”, sugere o pesquisador e coautor do estudo, Rodolfo Salido, no artigo publicado na revista Cell.

A análise das amostras coletadas mostrou que a pele humana foi a principal fonte de micróbios em toda a ISS. As áreas de jantar e de preparação de alimentos eram as que abrigavam mais micróbios associados a alimentos. Já o banheiro, como era de se esperar, continha mais espécies associadas à urina e fezes.

As superfícies da ISS não continham micróbios ambientais de vida livre, encontrados com frequência no solo e na água, por exemplo. De forma geral, o local era mais parecido com ambientes industrializados e isolados, como hospitais. Produtos químicos de limpeza e desinfetantes estavam presentes por toda a estação.

“Se realmente queremos que a vida prospere fora da Terra, não podemos simplesmente pegar um pequeno galho da árvore da vida e lançá-lo ao espaço e esperar que dê certo. Precisamos começar a pensar sobre quais outros companheiros benéficos deveríamos enviar com esses astronautas para ajudá-los a desenvolver ecossistemas que serão sustentáveis ​​e benéficos para todos”, disse Salido.

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