ONU e EUA apelam para o fim do massacre de civis na Síria

A morte de civis na Síria “tem de parar imediatamente”, afirmou, neste domingo (9/3), a Organização das Nações Unidas (ONU), acrescentando que recebeu relatos “extremamente preocupantes” de famílias inteiras que foram mortas no noroeste da Síria.

“O assassinato de civis nas zonas costeiras do noroeste da Síria deve cessar imediatamente”, declarou Volker Turk, Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, em comunicado.

Os confrontos eclodiram na quinta-feira, depois de os insurgentes alauitas, apoiadores de Assad, terem lançado um ataque às forças de segurança na cidade de Jableh, em Latakia, desencadeando a maior onda de violência na Síria desde a queda de Bashar al-Assad.

Segundo o Observatório dos Direitos Humanos (OSDH), que dispõe de uma vasta rede de fontes na Síria, o número de mortos nos últimos dias já ultrapassou um milhar, sendo a larga maioria civis.

“O número de mortos chegou a 1.018”, informou a ONG, em comunicado citado pela agência EFE, no qual indica também que “745 civis foram assassinados a sangue frio em massacres sectários” nas províncias ocidentais da Síria de maioria alauita.

Pelo menos 273 membros das forças de segurança e combatentes pró-Assad também foram mortos, segundo o Observatório.

“O número de vítimas aumentou rapidamente desde a entrada de grupos armados para apoiar as forças de segurança e as unidades do Ministério da Defesa” das novas autoridades de Damasco, acrescentou a ONG.

Presidente interino pede paz

Numa declaração este domingo, o líder sírio Ahmad al-Chareh apelou à unidade nacional e à paz civil no país.

“Estes desafios eram previsíveis. Temos de preservar a unidade nacional, a paz civil, tanto quanto possível, e, se Deus quiser, poderemos viver juntos neste país”, afirmou Ahmad al-Charaa, que liderou a coligação islamista sunita que derrubou Assad a 08 de dezembro, durante um discurso numa mesquita de Damasco.

Também o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, condenou os “massacres” e apelou à responsabilização.

“As autoridades sírias interinas devem responsabilizar os autores destes massacres contra as comunidades minoritárias do país”, escreveu o secretário de Estado norte-americano num comunicado citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).

Mais tarde, também o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, condenou os assassinatos “horríveis” em curso.

“As autoridades de Damasco devem garantir a proteção de todos os sírios e definir um caminho claro para a justiça transicional”, escreveu David Lamy, na sua conta da rede social X.

O ministro afirmou ainda que “as notícias de que um grande número de civis foi morto nas zonas costeiras da Síria, no âmbito da violência em curso, são horríveis”.

Apelos à comunidade internacional

Perante esta situação, o Observatório dos Direitos Humanos apelou à comunidade internacional para que tome “medidas urgentes e envie equipas especializadas de investigação internacional para documentar as graves violações que afetam civis”.

Além disso, exortou as autoridades de Damasco a que “responsabilizem” as tropas envolvidas nestas ações, considerando que “a impunidade incentiva a repetição de crimes no futuro, algo que ameaça a estabilidade política e social na Síria após a queda de al-Assad”.

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