Guerra na Ucrânia desencadeia corrida armamentista na Europa

Depois de Donald Trump virar as costas para a Ucrânia, os 27 países da União Europeia (UE) se articulam para que o bloco invista mais na segurança da Europa, para que o continente não dependa tanto do guarda-chuva dos Estados Unidos. Para isso, a UE pretende investir 800 bilhões de euros no plano ReArm Europe (Rearmar a Europa) para atingir tal objetivo.


Europa tenta se unir

  • Depois que Trump assumiu o poder, a Europa se viu ameaçada pelas mudanças na política externa dos Estados Unidos.
  • Além das polêmicas envolvendo as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, o futuro da Otan é um dos temas que tem sido debatidos por lideranças que compõem o bloco.
  • Trump já criticou o papel dos europeus da aliança, por considerar que os EUA colocam mais dinheiro na Otan do que os outros 31 países membros

O plano foi anunciado após reunião da Comissão Europeia no último dia 6 de março, que discutiu formas de financiar o rearmamento do bloco, por meio de manobras fiscais que vão permitir aumentar os investimentos do PIB em defesa.

De acordo com a chefe da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, dentro do valor de 800 bilhões de euros estão incluídos 150 bilhões de euros em empréstimos para os países da UE investirem na área de defesa.

No mesmo dia, o bloco anunciou 30,6 bilhões de euros para a proteção da Ucrânia, dias após Trump suspender a ajuda militar de Washington para Kiev.

A decisão da UE em investir mais na defesa da Europa surge após os recentes desdobramentos da guerra na Ucrânia, e das negociações de paz que, até o momento, têm favorecido a Rússia. O temor de muitos europeus, assim como a retórica adotada por Volodymyr Zelensky, é a de que Putin possa avançar contra outros países da região caso tenha sucesso no conflito com os ucranianos.

Por isso, o presidente da Polônia, Donald Tusk, mandou um recado desafiador à Putin, acusado de iniciar uma nova corrida armamentista por ter iniciado a guerra na Ucrânia.

“A guerra, a incerteza geopolítica e a nova corrida armamentista iniciada por Putin deixaram a Europa sem escolha”, escreveu o presidente da Polônia em uma publicação no X. “A Europa está pronta para essa corrida, e a Rússia perderá como a União Soviética há 40 anos. A partir de hoje, a Europa se armará com mais sabedoria e rapidez do que a Rússia”.

Desafio antigo

A questão da segurança da Europa é um tema debatido por autoridades do continente desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Mais de um ano depois da invasão russa, o então chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) alertou que o apoio da aliança à Kiev fez esgotar os arsenais dos países membros. Isso fez com que Jens Stoltenberg, que comandou o bloco militar até o último ano, apelar para um maior investimento de países membros em defesa.

Emmanuel Macron, foi outra liderança a alertar sobre o futuro da segurança do continente. Durante discurso realizado no fim de 2024, o presidente da França repetiu que a defesa da Europa não podia depender para sempre de parcerias estratégicas com os EUA, 

Apesar dos esforços e movimentações, a Rússia continua sendo o terceiro o país que mais gasta na área militar, tendo somado US$ 109 bilhões investidos no setor, segundo os últimos dados do último relatório divulgado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês). A nação comandada por Putin só fica atrás dos EUA e China, que gastaram US$ 916 bilhões e US$ 296 bilhões, respectivamente, no setor.

Além disso, o relatório aponta que, dos países europeus, apenas o Reino Unido está entre os 10 maiores produtores de armas do mundo. Os EUA lideram, seguido por Rússia e China.

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