Beleza fatal: os perigos por trás da febre dos procedimentos estéticos

Os procedimentos estéticos nunca estiveram tão em alta no Brasil. A promessa de um rosto mais harmonizado e um corpo perfeito movimenta mais de R$ 40 bilhões por ano no país e impulsiona uma indústria que cresce a cada dia.

No entanto, essa busca incessante pela beleza vem acompanhada de riscos cada vez mais alarmantes. De profissionais sem qualificação a procedimentos ilegais, a obsessão estética tem levado muitas pessoas a consequências irreversíveis – e até fatais. Confira alguns casos recentes.

Casos recentes

A médica obstetra Isadora Milhomem, de Palmas (TO), se tornou um exemplo vivo dos riscos do mercado. Em novembro de 2024, ela passou por um peeling de ATA com óleo de Croton em uma clínica odontológica em Goiânia e sofreu queimaduras de segundo e terceiro grau no rosto. O procedimento custou R$ 8 mil.

Hoje, Isadora precisa usar uma máscara especial 24 horas por dia por pelo menos seis meses e passar por novos tratamentos para tentar minimizar as lesões que deixaram buracos em sua pele.

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A médica realizou o procedimento em uma clínica particular em Goiânia

Isadora é natural de Palmas, no Tocantins
Isadora já atuou como pediatra em São Paulo e, atualmente, trabalha como ultrassonografista obstétrica
Isadora compartilhou o drama após o procedimento nas redes sociais
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Isadora fez um peeling de ATA com óleo de Croton

Reprodução/Redes sociais

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A médica realizou o procedimento em uma clínica particular em Goiânia

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Isadora é natural de Palmas, no Tocantins

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Isadora já atuou como pediatra em São Paulo e, atualmente, trabalha como ultrassonografista obstétrica

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Isadora compartilhou o drama após o procedimento nas redes sociais

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Em outro caso recente, Paloma Lopes Alves, de 31 anos, faleceu após sofrer uma parada cardiorrespiratória durante um procedimento de hidrolipo realizado na clínica Maná Day, localizada no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. A contratação do serviço foi feita pelas redes sociais, e Paloma conheceu o médico responsável, Josias Caetano dos Santos, apenas no dia do procedimento, que ocorreu em novembro de 2024.

As investigações revelaram que a clínica não possuía licença sanitária para operar e foi interditada por exercer atividades de forma irregular. Além disso, foi revelado que o médico já havia sido processado pelo menos 20 vezes por danos morais relacionados a erros médicos. Posteriormente, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decretou sua prisão preventiva devido ao ocorrido e o médico teve o registro médico interditado.

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Paloma e o marido, Everton da Silveira

Ela realizou uma hidrolipo, uma lipoaspiração
Paloma Lopes Alves, de 31 anos, morreu após fazer uma hidrolipo
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Ela contratou a cirurgia pelas redes sociais

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Paloma e o marido, Everton da Silveira

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Ela realizou uma hidrolipo, uma lipoaspiração

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Paloma Lopes Alves, de 31 anos, morreu após fazer uma hidrolipo

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Busca pela beleza

De acordo com a Euromonitor International, o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, China e Japão, e movimenta cerca de R$ 48 bilhões anuais.

Para a psicóloga clínica e jurídica Marlêide Borges, essa febre estética vai além da vaidade. Existem casos em que está ligada a um problema mais profundo: um vazio emocional.

“A estética virou uma necessidade social e gerou uma alta demanda. Muitos profissionais apresentam um excelente trabalho, mas outros enxergam apenas o lucro, sem levar em conta a integralidade do ser humano”, alerta.

Segundo a especialista, pacientes com transtornos psicológicos, como a dismorfia corporal – condição em que a pessoa tem uma preocupação obsessiva e distorcida com sua aparência –, são alvos fáceis nesse cenário.

“Já atendi pacientes que chegaram a um ponto de ‘plasticidade artificial’, após tantos procedimentos que perderam a naturalidade, e ainda assim não estavam satisfeitos. O mais assustador é que, na maioria dos casos, os profissionais não questionavam os motivos da busca excessiva por mudanças. Estavam mais preocupados em atender ao “desejo do cliente” do que em avaliar se aquilo era realmente necessário”, acrescenta.

 

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