Homem que pulou no Tietê para fugir da PM está desaparecido há 10 dias

São Paulo O homem que pulou no Rio Tietê para escapar da Polícia Militar (PM) durante uma perseguição, em 13 de março, continua desaparecido. Guilherme Gomes Rocha, de 26 anos, estava de saidinha temporária quando furtou steps no Aeroporto Viracopos, em Campinas, interior de São Paulo.

Em fuga, já na capital paulista, ele pulou nas águas do Tietê para despistar os agentes, e nunca mais foi visto. A família suspeita de afogamento e alega que o Corpo de Bombeiros não realizou buscas.

O que dizem bombeiros e SSP

A corporação nega, e afirma que duas viaturas procuraram pelo homem até a última segunda-feira (17/3), quando a busca foi encerrada.

Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota enviada neste domingo (23/3), que os bombeiros realizaram buscas até o dia 16 de março, um domingo.

“O Corpo de Bombeiros realizou buscas pelo desaparecido desde o momento em que foi acionado, empregando todos os protocolos e técnicas adequadas para esse tipo de ocorrência”, diz a pasta.

A SSP informou ainda que foram seguidos “os critérios operacionais propostos para resgates em ambientes aquáticos”.

A pasta também destacou que “as operações de busca em rios envolvem diversos fatores, como a segurança das equipes, as condições do curso d’água e a previsão técnica das operações subaquáticas. Durante os trabalhos, foram utilizados equipamentos especializados e realizadas varreduras tanto na superfície quanto em áreas estratégicas do rio”.

Buscas por conta própria

Para a família, no entanto, não houve empenho por parte do poder público. Por isso, eles têm realizado buscas por conta própria no entorno do Tietê, o que inclui conversas com testemunhas que estavam presentes no dia do desaparecimento de Guilherme.

Em uma das buscas realizadas pela família na região do desaparecimento, o irmão de Guilherme, Kenedy Gomes Rocha, de 31 anos, conversou com um homem em situação de rua que presenciou a ação da PM e do Corpo de Bombeiros momentos após o incidente.

Segundo o homem, um bombeiro teria dito a um policial militar: “Se ele souber nadar, ele escapa. Se não souber, vai morrer daqui meia hora”.

“Ou seja, eles sabiam o que poderia acontecer ali, dele morrer. Ninguém sabe. Não sei se ele está vivo, se perdeu a memória. Não sei. Eu não sei se ele está debaixo do rio, ou se a água levou. Eu não sei nem o que aconteceu”, disse Kenedy.

Nesse sábado (22/3), o irmão voltou ao local e conversou com mais testemunhas. Homens que estavam presentes no momento em que Guilherme pulou no rio afirmam que viram o rapaz voltando à superfície e se afogando em seguida.

Os bombeiros “deixaram o menino se afogar e não fizeram nada”, relataram as testemunhas a Kenedy.

O irmão também conversou com operários que trabalham em uma obra próxima ao local do incidente – justamente na ponte da qual Guilherme teria pulado. Os trabalhadores teriam dito que não viram qualquer movimentação de resgate.

“É só a gente que tá indo atrás. A gente está desde sexta-feira [14 de março] andando pra lá pra ver se a gente acha, mas nada até agora. Não tinha nada, nenhum bombeiro, nenhuma polícia, não tinha nada”, afirmou Stefany Caroline Silva dos Santos, de 22 anos, esposa de Guilherme.

Naquela sexta, Kenedy encontrou um boné e um relógio do irmão na beira do rio, mas não localizou qualquer sinal do rapaz.

Juntos, Stefany e Guilherme têm dois filhos: um menino de cinco anos e uma menina de seis meses. Segundo ela, o filho mais velho precisou de apoio psicológico, e passou por uma sessão de atendimento na última terça (18/3). Conforme os parentes do rapaz, a família está desolada.

BO foi registrado

A mãe do suspeito precisou esperar 48 horas até poder registrar um boletim de ocorrência por desaparecimento, o que foi feito na 5ª Delegacia de Desaparecidos do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Em nota enviada na última quinta-feira (20/3), a SSP informou que o caso é investigado pela Delegacia de Pessoas Desaparecidas do DHPP, que realiza diligências para localizar o homem, bem como esclarecer os fatos.

Saidinha temporária

Guilherme cumpre pena por furto e estava de saidinha temporária desde o dia 11 de março. Kenedy suspeita que o irmão tenha uma dívida, por isso teria cometido um novo delito.

Ele estava em fuga com mais dois suspeitos em um carro. Encurralados pela PM, o trio tentou escapar pelo Rio Tietê. Um deles caiu em uma parte rasa e quebrou o joelho, tendo sido capturado e levado a um hospital.

Guilherme caiu em uma parte mais funda, e se recusou a voltar por medo de ter regressão do regime, já que estava em saída temporária. O terceiro suspeito escapou sem ser identificado.

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