Ibovespa sobe levemente em meio a tensões fiscais e políticas; Banco Central pode intervir no câmbio

O Ibovespa enfrentou mais um dia de instabilidade, mas conseguiu fechar em alta de 0,06%, aos 124.787,08 pontos, com um ganho de 69,01 pontos. O dólar comercial, por sua vez, continuou a subir, atingindo R$ 5,70 durante o dia, mas recuou para R$ 5,66 após rumores de que o Banco Central estaria sondando tesourarias para uma possível intervenção no câmbio. A moeda americana encerrou o dia com alta de 0,22%. Os juros futuros (DIs) fecharam de forma mista.

Os mercados brasileiros têm mostrado oscilação nas últimas sessões, mas, nos últimos 17 pregões, 11 terminaram no azul. Desde 10 de junho, o Ibovespa acumulou uma alta de 4 mil pontos, saindo de 120.769 para os atuais 124,9 mil. Contudo, ainda está abaixo dos 125.925 pontos registrados no início de maio, evidenciando uma recuperação lenta.

Fatores Internos e Externos

O mês de junho foi marcado por pessimismo, sendo o pior em termos de aporte de investidores estrangeiros desde 2018. No primeiro semestre deste ano, a saída de capital estrangeiro da B3 foi a maior desde 2020. Em junho, foram retirados R$ 4,23 bilhões, o pior desempenho para o mês desde 2018.

A recuperação do Ibovespa tem sido afetada por ruídos políticos e o cenário internacional. As declarações do presidente Lula, criticando o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto, têm gerado incertezas no mercado. Hoje, Lula sugeriu que medidas podem ser tomadas para conter a alta do dólar, sem detalhar quais seriam, alimentando especulações.

Declarações de Campos Neto. Entenda

Em Portugal, em uma sessão ao lado de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, e Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, Campos Neto afirmou que o aumento dos ruídos fiscais e monetários contribuiu para a decisão do BC de pausar o ciclo de cortes da taxa básica de juros. Ele defendeu que o Banco Central deve manter-se afastado da arena política.

Expectativas do Mercado

A Kinea Investimentos destacou em carta a clientes que o Governo Federal precisa apresentar soluções críveis para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal, evitando revisões das metas de 2025 e 2026. Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, apontou inovações positivas no novo arcabouço fiscal, mas ressaltou a falta de medidas complementares.

Todd Martinez, codiretor de rating para Américas da Fitch Ratings, destacou o pragmatismo na gestão econômica de Lula, apesar das críticas ao Banco Central. Ele ressaltou que a reforma tributária foi um marco importante, mas alertou que as críticas de Lula geram ruídos prejudiciais.

Ações em Destaque

No campo das ações, os principais papéis do Ibovespa tiveram desempenhos variados. A Vale (VALE3) caiu 0,33% e a Petrobras (PETR4) recuou 0,31%. Os bancos, especialmente Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3), tiveram altas de 1,30% e 0,34%, respectivamente. Eletrobras (ELET3) subiu 1,84%, enquanto Equatorial (EQTL3) caiu 1,65%.

A PRIO (PRIO3) avançou 1,42% após atender a maioria das sugestões na Avaliação Técnica do campo de Wahoo. Assaí (ASAI3) perdeu 1,00%, enquanto M.Dias Branco (MDIA3) caiu 4,09% após rebaixamento de um grande banco, citando queda de preços e aumento dos custos devido ao dólar alto.

Perspectivas Fiscais Globais

Jerome Powell alertou para a insustentabilidade do endividamento das principais economias, como EUA e França, especialmente em anos eleitorais. A agência de classificação de crédito S&P Global já havia ligado o sinal de alerta há algum tempo.

O mercado continua atento aos desdobramentos fiscais e políticos, com expectativa de possíveis intervenções do Banco Central no câmbio e medidas do governo para garantir a sustentabilidade fiscal. O cenário internacional também influencia as decisões dos investidores, enquanto os principais papéis do Ibovespa oscilam conforme os rumores e anúncios oficiais.

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