35 anos do Plano Collor: o confisco que mudou a economia brasileira

Foto: Givanildo Silva | Doutor em Ciências Contábeis e Administração

Há 35 anos, em 16 de março de 1990, o Brasil acordava sob o impacto de um dos planos econômicos mais controversos da história: o Plano Collor. Com o objetivo de conter a hiperinflação que assolava o país, o governo do então presidente Fernando Collor de Mello tomou medidas radicais, incluindo o confisco de poupanças e depósitos bancários. A estratégia gerou desgaste político, recessão e revolta popular, culminando na queda do presidente dois anos depois.

O confisco que chocou o Brasil

A principal ação do Plano Collor foi o bloqueio dos depósitos bancários acima de 50 mil cruzeiros por um período de 18 meses. O objetivo era reduzir a quantidade de moeda em circulação e conter a inflação. A decisão pegou a população de surpresa, causando pânico e desconfiança no sistema financeiro.

Além do confisco, o plano também previa a substituição da moeda (o cruzado novo deu lugar ao cruzeiro), o congelamento de preços e salários e a abertura econômica, reduzindo barreiras para importações. No entanto, as medidas não tiveram o efeito esperado: a inflação voltou a subir, o desemprego aumentou e o país entrou em recessão.

A insatisfação com a economia e as denúncias de corrupção contra o governo Collor levaram a uma onda de protestos, com destaque para o movimento dos “caras-pintadas”, jovens que tomaram as ruas pedindo o impeachment do presidente. Em 1992, Collor foi afastado do cargo, tornando-se o primeiro presidente do Brasil a sofrer um processo de impeachment.

O que mudou desde então?

O impacto do Plano Collor foi tão grande que o Brasil adotou diversas medidas para evitar que algo semelhante ocorresse novamente. O país passou a ter um regime de metas de inflação, o câmbio flutuante e uma maior transparência na política econômica. Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em 2000, passou a limitar os gastos públicos.

Outro fator essencial foi a criação do Plano Real em 1994, que estabilizou a economia de forma duradoura, sem necessidade de medidas drásticas como o confisco de poupanças.

O trauma econômico que ainda assombra os brasileiros

Mesmo três décadas depois, o Plano Collor ainda é lembrado como um dos momentos mais traumáticos da economia brasileira. O confisco da poupança gerou medo e desconfiança no governo, levando muitos brasileiros a diversificarem seus investimentos e evitarem manter grandes quantias no sistema bancário.

O episódio serviu como um alerta sobre os riscos de medidas econômicas extremas e a importância da previsibilidade e segurança financeira para a estabilidade do país.

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