Filipe Toledo disse que treinou o suficiente para Teahupo’o. Será mesmo?

A onda 9,67 surfada por Filipe Toledo em Teahupo’o, na sua bateria da repescagem contra Billy Stairmand, da Nova Zelândia, foi vista por muita gente como a resposta na medida certa para seus críticos, aqueles que duvidam da sua capacidade de encarar tubos potentes sobre rasas bancadas de coral. Será mesmo?

O brasileiro bicampeão mundial comemorou com muita empolgação o tubo espetacular. E com razão, foi mesmo uma onda muito bem surfada, quase à perfeição. O problema é que no dia seguinte, já valendo pelas oitavas de final, o mar praticamente dobrou de tamanho e Filipe não conseguiu chegar nem perto de repetir a mesma performance. Isso fez com que o questionamento ressurgisse: não ficou faltando treinar mais em Teahupo’o?

Filipe Toledo eufórico após completar o tubo que recebeu a nota 9,67 na repescagem. Foto: ISA / Beatriz Ryder

Com a magra somatória de 2,46 pontos em suas duas melhores ondas (1,43 + 1,03), Filipe foi eliminado pelo japonês Reo Inaba, que também não foi muito feliz em suas tentativas, marcando apenas 6,0 pontos (3,17 + 2,83). Mesmo que não avance além das quartas de final, onde vai enfrentar o peruano Alonso Correa, Inaba com certeza será recebido como um herói em seu regresso ao Japão. Afinal de contas, ele, que está muito longe de fazer parte da elite da WSL, derrotou o atual detentor do título máximo conferido pela entidade. E na arena olímpica, diante de milhões de espectadores acompanhando o maior evento esportivo do planeta. Não é pouco. 

Filipe explicou em suas entrevistas após a derrota que não soube se posicionar bem no mar, que acha que errou na escolha das ondas, deixando passar as que teriam mais chances de notas altas. Um comportamento típico de quem não conhece o pico o suficiente. Claro que sua nota 9,67 demonstrou que nas condições de mar da repescagem, que não passavam dos 6 pés de tamanho, ele realmente evoluiu em Teahupoo, o que deve ter sido resultado do seu treinamento em dias similares. Mas parece que ficou faltando treinar em dias quando o bicho pega de verdade, e as ondas sobem para a faixa dos 10 pés ou mais, como foi o caso das oitavas de final.

No primeiro dia da competição, após Filipe não ter avançado em sua bateria de estréia, um repórter do site gringo Inertia perguntou a ele se ter vindo treinar apenas duas vezes para a Olimpíada teria sido o suficiente. Filipe, de acordo com matéria publicada no site, respondeu que “eu não tenho desculpas. O que eu tinha que fazer estava feito. Duas (viagens) foram suficientes”.

Por ter desistido de competir no Circuito Mundial em 2024, Filipe teve bastante tempo à disposição para realizar viagens de treinamento. Durante esse período, Teahupo’o quebrou com ondas na casa dos 8 a 10 pés em diversas ocasiões, mas em nehuma delas Filipe foi visto no pico treinando. Preferiu realizar viagens para Barra de La Cruz, no México, e Costa Rica, lugares onde surfou ondas que em nada se assemelham às do Taiti. Alguém já escutou um surfista dizer que sua performance em uma determinada onda foi prejudicada por ter surfado nela vezes demais? Já o oposto…

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