Eleição na Venezuela ainda não acabou

A Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou nesta terça-feira que não reconhece o resultado das eleições anunciado pela Justiça eleitoral venezuelana, que indicou a vitória do presidente Nicolás Maduro. Em um relatório produzido por observadores que acompanharam o pleito realizado no domingo, a OEA apontou indícios de manipulação por parte do governo Maduro.

Um dos principais indícios, segundo o documento, foi a demora na divulgação dos resultados, apesar do país utilizar urnas eletrônicas. O relatório também mencionou relatos de “ilegalidades, vícios e más práticas”. A OEA concluiu que o Centro Nacional Eleitoral, a principal autoridade eleitoral da Venezuela e comandada por um aliado do governo venezuelano, proclamou Maduro como vencedor sem apresentar dados para comprovar o resultado, com os únicos números divulgados em canais oficiais revelando “erros aritméticos”.

Em entrevista à BMC News, o economista e doutor em Relações Internacionais, Igor Lucena, comentou sobre o impacto dessa declaração da OEA. “O fato da OEA ter se posicionado de uma maneira contundente mostra que não há mais nenhuma cortina que possa defender o governo de Nicolás Maduro. Outras instituições, como a ONU e órgãos internacionais como o Banco Mundial e o FMI, se vierem a se posicionar, não aceitando Maduro como líder, isso aumenta a pressão sobre o governo”, afirmou Lucena.

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O economista e doutor em Relações Internacionais, Igor Lucena

Ele ainda destacou que a reação internacional pode ter consequências severas para a Venezuela. “Se órgãos como o Banco Mundial impedirem que o governo de Maduro tenha acesso a recursos, contratos e ações, isso aumentará ainda mais a pressão interna e externa. Eu acredito que a eleição ainda não acabou e veremos muita pressão nas ruas e nos fóruns internacionais”, disse o economista.

Lucena também apontou para a possibilidade de instabilidade política no país, caso os resultados reais mostrem uma derrota de Maduro. “Se os boletins de urnas realmente forem disponibilizados online e mostrarem informações de que Maduro não ganhou, a estabilidade política na Venezuela será profundamente abalada. Tenho dúvidas se os militares conseguirão manter o controle ou se continuarão ao lado de Maduro”, questionou.

Por fim, Lucena mencionou o papel que outros países podem desempenhar nessa crise. “Pode ser necessário que Estados Unidos e Brasil intervenham em fóruns internacionais para decidir os próximos passos. Aceitar a vitória de Maduro e continuar como estava não será uma opção para a comunidade internacional democrática. Somente países como Cuba, China, Rússia e Coreia do Norte, que são ditaduras, poderão apoiar Maduro”, concluiu.

A situação na Venezuela continua a ser monitorada de perto pela comunidade internacional, com a expectativa de novas revelações e possíveis mudanças no cenário político do país.

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