TEA: cresce em 50% o número de jovens autistas em salas de aula

O número de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculados em salas de aula comuns em escolas públicas e privadas está em crescimento nos últimos anos. De acordo com dados do Censo da Educação Básica, em 2017, o número de alunos não passava de 100 mil. Já em 2023, esse número chegou a 607 mil, um crescimento de 50% entre 2022 e 2023.

Entenda por que cresceu número de autistas em sala de aula:

  • Número de alunos autistas em salas de aula comuns cresceu 50% entre 2022 e 2023.
  • Uma das razões é o aumento das políticas públicas focadas na inclusão de autistas na escola.
  • Hoje existem mais educadores capacitados para compreender as necessidades do aluno e aplicar estratégias de ensino inclusivas.
  • O ambiente escolar também tem sido adaptado para não sobrecarregar sensorialmente os alunos autistas, prevenindo assim crises emocionais.

Para o psicólogo especialista em TEA Fábio Coelho, a principal medida para aumentar essa inclusão é a formação e capacitação dos educadores para receber esses jovens e garantir uma educação de qualidade e inclusiva. E, de fato, cada vez mais profissionais ingressam  nesse nicho de mercado.

“Um apoio especializado é importante. A presença de profissionais como psicopedagogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais ajudam a fornecer um suporte individualizado aos alunos que necessitem”, explica o psicólogo.

Coelho afirma que é de extrema importância a formação continuada dos educadores para capacitá-los para entenderem sobre as características e necessidades dos alunos com autismo, promovendo uma educação mais inclusiva e acessível.

Para o psicólogo, um fator que explica o aumento desses jovens nas salas de aula se dá por um aumento na conscientização sobre o autismo e os avanços na legislação, que incentivam as matrículas e a adaptação das escolas, que se preparam para a recepção e acolhimento desses alunos.

A psicopedagoga Andrea Nasciutti explica que o ambiente escolar é um espaço importante para um espaço de convivência social, de aprendizado e de desenvolvimento pessoal.

“Ao inserir alunos com diferentes realidades e necessidades no mesmo ambiente, a escola promove a interação, o respeito à diversidade e a construção de uma sociedade mais igualitária. Além disso, é na escola que se desenvolvem habilidades sociais, cognitivas e emocionais essenciais para o sucesso na vida adulta”, pontua Nasciutti.

Atenção ao ambiente escolar

Para a psicopedagoga, a escola precisa estar atenta ao ambiente e a estrutura da sala de aula, oferecendo recursos e materiais pedagógicos inclusivos. “Um exemplo muito importante são as salas sensoriais ou de descompressão, um espaço onde estudantes autistas podem aliviar a sobrecarga sensorial e prevenir crises emocionais, trazendo conforto emocional e permitindo que os estudantes se integrem de forma mais orgânica ao mundo externo.”

Essa maior atenção dentro das salas de aula partem da maior conscientização da população acerca do assunto e do aumento de políticas públicas, que ampliam o acesso à educação para pessoas com deficiências.

“Outro fator importante é o aumento do diagnóstico e da conscientização sobre transtornos como TDAH, dislexia e outros transtornos de aprendizagem, que têm levado muitas escolas a acolher mais jovens com necessidades específicas. As tecnologias assistivas e os recursos pedagógicos também têm facilitado esse processo”, acredita Nasciutti.

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