Lewandowski se encontra com pais de estudante de medicina morto por PM

São Paulo — Os pais do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, que foi morto por um policial militar em novembro de 2024 durante uma abordagem em um hotel na Vila Mariana, em São Paulo, se encontraram nessa quinta-feira (16/1) com o Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Ricardo Lewandowski.

O que se sabe:

  • Ricardo Lewandowski recebeu Julio César Acosta Navarro e Silvia Cárdenas, pais do estudante morto pelo PM Guilherme Augusto Macedo, em Brasília;
  • O advogado da família também estava presente;
  • Em vídeo enviado ao Metrópoles, o advogado afirmou que a reunião foi proveitosa e que Lewandowski teria prometido que fará de tudo para que a justiça seja feita;
  • Na gravação, o médico Julio César agradeceu publicamente a sensibilidade do ministro.

“Como é possível que, quase dois meses depois, os assassinos não só estão soltos como também estão recebendo salário do estado?”, questionou o pai do jovem se referindo ao PM Macedo e ao parceiro dele no dia do ocorrido, Bruno Carvalho do Prado.

Veja o vídeo:

O encontro se deu três dias após a prisão preventiva de Guilherme ter sido negada pela Justiça. Na decisão, deferida na segunda-feira (13/1), a juíza Luciana Menezes Scorza entendeu que, nos termos da lei processual penal vigente, a prisão preventiva não é cabível no caso. Segundo ela, “os elementos constantes dos autos não evidenciam periculosidade social do denunciado nem risco por seu atual estado de liberdade.”

Juíza nega prisão de PM que matou estudante de medicina

Ao Metrópoles, o pai de Marco Aurélio, o médico Julio Cesar Acosta Navarro, disse que a decisão da juíza foi um golpe duro. “Esse pesadelo nunca acaba”, desabafou. A prisão preventiva havia sido pedida pela Polícia Civil após a finalização do inquérito policial que apurava a morte do estudante, que foi concluído no dia 3 de janeiro, por meio do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

A decisão também reitera que Guilherme Augusto Macedo está realizando funções administrativas, exercendo atividades diferentes da Operacional, e sendo fiscalizado por seu comando. O PM, segundo o texto, é primário e portador de bons antecedentes, além de não ter interferido nas investigações;

Guilherme e o outro policial militar que estava presente no dia da morte de Marco Aurélio, o PM Bruno Carvalho do Prado, são acusados de crime doloso – cuja pena máxima é superior a 4 anos. Com o pedido de prisão preventiva negado, Guilherme deverá comparecer mensalmente em juízo para informar e justificar suas atividades e manter seu endereço residencial atualizado;

Ele está proibido de se ausentar da região onde mora por mais de 8 dias sem autorização judicial, frequentar bares e festas, e manter qualquer tipo de contato com familiares da vítima e testemunhas da acusação.

A mesma juíza que negou a prisão preventiva do policial militar Guilherme Augusto Macedo manteve presa, em 2021, uma mãe de cinco filhos que furtou R$ 21,69 em mercadorias de um minimercado da rede Oxxo na Vila Mariana, na zona central da capital paulista.

Procurado pelo Metrópoles, o Tribunal de Justiça de São Paulo informou que não se manifesta sobre questões jurisdicionais. Segundo o órgão, “os magistrados têm independência funcional para decidir de acordo com os documentos dos autos e seu livre convencimento”.

Em carta divulgada nesta terça-feira sobre o pedido da prisão do PM ter sido negado, o pai do estudante de medicina, Julio Cesar Acosta Navarro, condenou a decisão da juíza. “Para pobres que roubam por fome, a juíza é duríssima, mas para policiais assassinos pagos pelo Estado, tem um decisão de mãezona… Meu Deus, que pesadelo sem fim”, disse o médico em uma parte do texto.

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