Servidores denunciam “IBGE paralelo” e abrem crise com Márcio Pochmann

A criação da fundação IBGE + deflagrou uma nova crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e uma guerra de versões entre o presidente do órgão, Márcio Pochmann, e servidores. A relação entre a cúpula da entidade e o sindicato já estava deteriorada desde agosto de 2024, quando houve a determinação de retorno ao trabalho presencial para os funcionários que estavam de home office desde a pandemia.

Relembre:

  • Márcio Pochmann foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho de 2023.
  • Ligado à ala mais ideológica do PT, o economista enfrentou resistência.
  • O sindicato divulgou críticas à direção do órgão em seu site. O instituto respondeu e, em seguida, foi rebatido.

De acordo com Pochmann, a criação de uma fundação é necessária para o reconhecimento do IBGE como Instituição de Ciência e Tecnologia. Ele afirmou que esse status permitirá a busca de recursos não-orçamentários “essenciais para a urgente e imprescindível modernização e fortalecimento tecnológico”. O matemático alegou que o processo foi discutido no Conselho, com comunicado no portal do instituto e no site próprio da fundação.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE discorda. Os servidores afirmam que o quadro técnico não foi consultado e destacam a possibilidade de a fundação “comprometer a autonomia técnica do órgão oficial”. De acordo com os sindicalistas, exonerações recentes na Diretoria de Pesquisas do órgão demonstram “que não se trata de uma corriqueira discordância”. A presidência nega comprometimento da autonomia técnica.

Mais insatisfação

Outro ponto de discórdia é uma portaria publicada no dia 22 de agosto de 2024 para determinar o retorno ao trabalho presencial em dois dias por semana. A medida é válida para os servidores que permaneceram em regime remoto integral. “Esta decisão também considerou a necessidade de preparar a recepção a quase mil novos servidores advindos do Concurso Público Nacional Unificado (CNU)”, disse o instituto.

A insatisfação foi impulsionada porque, no Rio de Janeiro, o IBGE está passando por mudanças e funcionará provisoriamente no prédio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), na Avenida Chile, região central da capital fluminense. “O novo espaço representa 1/3 do atualmente ocupado, bem como está a 15 minutos do ponto de ônibus mais próximo, num trajeto ermo e sem calçada, ao final do qual se alcança a Rua Pacheco Leão, frequentemente intransitável devido a alagamentos, e sem que haja outro acesso”, destaca o sindicato.

O órgão prometeu vans para o transporte de servidores até pontos próximos às suas casas. Segundo o sindicato, a promessa acontece “num contexto onde o IBGE atrasa pagamentos para fornecedores” e que, por isso, “traz justificados receios sobre a manutenção e a qualidade de tal serviço”.

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