Hermanos no topo: Argentina pode liderar crescimento na América do Sul?

A economia argentina, frequentemente associada a crises recorrentes e hiperinflação, está surpreendendo ao apresentar sinais de recuperação que podem colocá-la como um destaque na América do Sul. Sob a administração de Javier Milei, o país iniciou um ambicioso processo de reformas que, embora controverso, começa a produzir resultados palpáveis. Especialistas apontam que a Argentina pode liderar o crescimento na região, caso as políticas implementadas sejam mantidas e ampliadas.

Choque de superávit fiscal e desregulamentação econômica

Uma das principais mudanças promovidas por Milei foi o choque de superávit fiscal. Reformas administrativas profundas, combinadas com a eliminação de controles de preços em setores estratégicos, como combustíveis, eletricidade, alimentos e transporte, têm redefinido a dinâmica da economia argentina. Essas medidas foram amplamente criticadas por economistas que previam um impacto negativo no curto prazo. No entanto, o Produto Interno Bruto (PIB) já começou a mostrar sinais de recuperação após quase uma década de estagnação e queda do PIB per capita.

A liberalização econômica também está no centro da estratégia de Milei. Reformas trabalhistas, desburocratização e maior liberdade contratual estão entre as medidas implementadas. O objetivo, segundo o governo, é criar um ambiente de negócios mais competitivo, atrair investimentos estrangeiros e impulsionar o setor produtivo.

Política monetária ousada e a dolarização

Outro ponto de destaque é a política monetária. Com uma inflação anual superior a 200% no início de sua gestão, Milei assumiu a missão de sanear o Banco Central da Argentina, com vistas à eventual dolarização da economia. Essa proposta, embora polêmica, tem gerado debates acalorados entre economistas. O aumento da concorrência monetária, permitindo transações em diferentes moedas, é visto como uma medida para estimular a economia e facilitar negócios.

“Mesmo com ceticismo por parte de alguns setores, as reformas têm mostrado resultados iniciais positivos. A produção industrial e o índice de utilização da capacidade instalada já dão sinais de melhora, ainda que modestos”, destacou o professor Allan Augusto Gallo, pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (Mackliber).

Os desafios da sustentabilidade

Apesar dos avanços, os desafios para sustentar o crescimento econômico são significativos. A recuperação completa da Argentina dependerá da capacidade do governo em consolidar as reformas e evitar retrocessos. O cenário político é um fator crucial. Um eventual descontentamento popular, somado à possibilidade de novas administrações que revertam as políticas atuais, pode comprometer os avanços conquistados.

Além disso, fatores externos também podem influenciar negativamente. Conflitos internacionais ou tensões comerciais com parceiros como Brasil e Venezuela representam riscos que não podem ser ignorados. “O ambiente político e econômico global terá um papel fundamental na trajetória da recuperação argentina”, alerta Gallo.

Projeções para o futuro

Os próximos meses serão decisivos para a economia argentina. A expectativa é que o câmbio paralelo e oficial se aproximem, com o fim dos controles de capital. Além disso, a simplificação tributária, mesmo sem redução significativa da carga de impostos, pode melhorar o ambiente de negócios.

A continuidade da recuperação dependerá também do apoio popular às reformas. Se os indicadores econômicos continuarem a melhorar, Milei terá menos resistência para avançar em sua agenda. Por outro lado, um cenário adverso pode dificultar a implementação de novas políticas.

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