Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres podem recolocar Brasil no Oscar

Sucesso de crítica e de bilheteria, o filme brasileiro Ainda Estou Aqui pode fazer história nesta quinta-feira (23/1) caso confirme as expectativas e consiga indicações para o Oscar 2025. A produção de Walter Salles pode marcar o retorno do país a disputa do troféu de Melhor Filme Internacional depois de 26 anos.

Ainda Estou Aqui já entrou para a história, graças à conquista do primeiro Globo de Ouro de Melhor Atriz por Fernanda Torres. Agora, o filme pode conquistar indicações nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Atriz e até mesmo Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme, segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles.

Nos EUA, portais especializados dão como certa a indicação de Ainda Estou Aqui como Melhor Filme Estrangeiro e Fernanda Torres em Melhor Atriz. No entanto, publicações, como a Variety, também falam em chances na lista de Melhor Filme, o que seria inédito para o Brasil.

O último filme brasileiro a ser indicado ao Oscar foi o documentário Democracia em Vertigem, da diretora Petra Costa, que disputou como Melhor Documentário em 2020. Antes, a animação O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, concorreu na edição de 2016, mas perdeu a estatueta para Divertida Mente, da Pixar.

Antes dele, Cidade de Deus, em 2004, foi indicado a Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia, sem levar nenhuma estatueta para casa. A última vez em que uma produção nacional disputou como Melhor Filme Estrangeiro foi em 1999, com Central do Brasil, também de Walter Salles.

Central do Brasil também foi responsável por garantir a indicação de Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, ao Oscar de Melhor Atriz. A brasileira perdeu a estatueta para Gwyneth Paltrow, estrela do filme Shakespeare Apaixonado.

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Cena do filme Central do Brasil

Cidade de Deus, o filme
Cidade de Deus
Cena do filme Cidade de Deus
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Cena de Central do Brasil

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Cena do filme Central do Brasil

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Cidade de Deus, o filme

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Cena do filme Cidade de Deus

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O que podemos esperar de Ainda Estou Aqui

Na análise de críticos ouvidos pelo Metrópoles, as categorias mais fortes em que Ainda Estou Aqui pode receber uma indicação são em Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz, muito em razão da vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro.

Para o crítico de cinema Márcio Sallem, o adiamento da votação do Oscar, em razão dos incêndios em Los Angeles, favoreceu Ainda Estou Aqui, possibilitando que mais votantes tivessem tempo de assistir ao filme e mais contato com a figura de Fernanda. “Isso cria um momento e alargando esse momento, com o adiamento das votações, isso pode criar a situação ideal para que o filme consiga as indicações”, destacou ele.

Uma eventual indicação para Fernanda Torres também tem ligação direta às entrevistas dela em famosos talk shows dos EUA, concorda a crítica de cinema Isabela Faria, que integra o corpo de votantes do Globo de Ouro.

“A Fernanda Torres foi em dois grandes talk shows e ela foi bem nos dois. No Jimmy Kimmel, foi perfeita. Trouxe essa coisa do humor brasileiro, explicou muito bem o filme, trouxe as questões principais da obra, então ela superajudou [na campanha do filme]”, destacou.

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O filme Ainda Estou Aqui e a atriz Fernanda Torres recebem indicações para o Globo de Ouro de 2025. Fernanda Torres foi premiada como Melhor Atriz

Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui
Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui
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Selton Mello compartilha fotos dos bastidores de Ainda Estou Aqui

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O filme Ainda Estou Aqui e a atriz Fernanda Torres recebem indicações para o Globo de Ouro de 2025. Fernanda Torres foi premiada como Melhor Atriz

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Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui

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Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui

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Possível feito inédito com Melhor Filme

O Brasil nunca conseguiu uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Filme. De acordo com Márcio Sallem, o único que chegou mais próximo foi Cidade de Deus, em 2004, que recebeu indicações nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia, mas não apareceu nem como Melhor Filme Estrangeiro nem como Melhor Filme.

Apesar das pequenas chances de indicação, Sallem destaca que dois filmes estrangeiros figuraram em ambas as listas na cerimônia de 2024 — Anatomia de Uma Queda e Zona de Interesse.

“Eu acredito que pode haver uma viabilidade caso o filme conquiste uma indicação de Melhor Roteiro Adaptado e isso pode possibilitar essa indicação em uma vaga, remota, de Melhor Filme”, destacou o crítico.

Isabela Faria vai além e destaca que a universalidade da história de Ainda Estou Aqui pode dar uma vantagem em uma eventual indicação como Melhor Filme.

Ela comparou a obra com outros dois concorrentes, O Brutalista e Conclave, que aparecem como fortes candidatos ao título de Melhor Filme. O primeiro, ela destaca como um filme “épico” de três horas e meia e que vai para um lado bem mais dramático. Já Conclave, na visão dela, é mais de nicho, focado no universo da eleição de um Papa, e que “não ressoa muito universalmente com quem está assistindo”.

“[Ainda Estou Aqui] é uma história sobre uma família em um momento de ditadura militar que tem o pai arrancado e, querendo ou não, quando você vê esse filme você pensa ‘cara e se fosse meu pai, se fosse meu filho, minha esposa que tem que se reinventar agora?’ É uma coisa mais universal”, destacou.

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