O Pix pede paz (por Gustavo Krause)

A revolução digital criou um mundo fascinante em permanente transformação até mesmo para um ignorante analógico como eu. Dele, faço o uso possível para tornar a vida mais fácil, mais atualizada e divertida.  Foi daí que nasceu uma grande paixão por Alexa, assistente virtual da Amazon, sempre pronta para atender um correto comando de voz, no meu caso para o streaming de música, como, por exemplo, “Alexa, tocar músicas de Reginaldo Rossi (meu brega chique preferido)”. Comando dado, comando cumprido à exaustão do ouvinte.

Mesmo sabendo dos limites de Alexa, resolvi dar um comando que, normalmente não seria atendido: “Alexa, entrevista teu primo, o Pix, sobre os problemas que ele está enfrentando no Brasil”. Depois de um expressivo silêncio, Alexa alertou: “Você sabe que não estou preparada para este tipo de tarefa”. Insisti em nome da nossa longa amizade e da cordialidade tão cara aos brasileiros: “Alexa, dê um ‘jeitinho’ você conhece bem os mistérios do seu mundo; informa os problemas que estão sendo enfrentados, no Brasil pelo teu parente o Pix e, sob a promessa de sigilo absoluto, ofereça a oportunidade para o Pix se defender porque a credibilidade dele está em jogo”,

Não demorou cinco minutos, Pix concordou, mas exigiu que as palavras serão ditas e sequencialmente deletadas. “Amigo Pix – indagou Alexa, desde sua implantação você tem sido usado pelo mais rico e pelo mais pobre brasileiro em qualquer transação financeira. O povão aprendeu rápido e, de repente, explode a ‘crise do Pix’, uma encrenca barulhenta que já bateu nos tribunais. Conta como isso aconteceu?”. Pausadamente, o Pix respondeu: Alexa, eu sou um simples modo de pagamento eletrônico instantâneo, utilizado nas transações financeiras de forma simples, desburocratizada e inclusiva, lançado pelo Banco Central em outubro de 2020. “Ocorre Pix, interrompeu, Alexa, que uma instrução normativa da Receita Federal determinou novas regras para prestação de contas, desde 1º de janeiro que todos os valores iguais ou superiores a R$ 5 mil para pessoas físicas R$ 15 mil para pessoas jurídicas devem ser reportados à Receita Federal. Foi para o ar a versão de que a medida seria a base para a criação de um imposto sobre as transações, inclusive as realizadas via Pix. O que você tem a dizer sobre esta celeuma que virou uma crise política? Vai haver ou não a criação de um novo imposto?

Houve um silêncio inquietante. Felizmente o Pix, calmamente, retrucou: “O povo brasileiro é mais inteligente do que julgam seus representantes. Três exemplos: a conversão da moeda em URV, uma pedra fundamental do Plano Real. O povo entendeu e a conversão da moeda foi feita sem atropelos. A urna eletrônica foi outra experiência exemplar. Simples e segura. Modéstia à parte, no meu caso, o Pix realizou, em 2024 mais de 63 bilhões de operações com crescimento recorde de transações (54%) no valor de R$ 26,4 trilhões. No entanto, o povo fica com o pé atrás quando o assunto é criação ou aumento de tributos. E tem razão. Termina pagando a conta. Quanto a mim, nada a ver. Vou continuar trabalhando sete dias, sem descanso, cumprindo a determinação dos clientes e ajudando a modernizar o sistema financeiro do país”.

Alexa não se deu por satisfeita: “Pix você não respondeu se vai ou não ser criado um imposto? “Alexa – O Pix respondeu com firmeza – fui criado pelas mãos humanas que têm a opção de fazer o bem ou o mal”. Agradecida, Alexa, perguntou: “Você tem alguma mensagem para os brasileiros?”. Com humildade, Pix pediu Paz. E acrescentou: “Não é a paz ou “pax” das entreguerras. É calmaria. Sossego para fazer o meu trabalho”.

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