PM suspeito de proteger PCC é suplente de deputado federal pelo União

São Paulo – Investigado por supostamente vazar informações sigilosas das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) ao Primeiro Comando da Capital (PCC), o 3º sargento José Roberto Barbosa de Souza, conhecido como Barbosinha ou Mão de Rã, é suplente de deputado federal pelo União Brasil.

Amigo do secretário de Segurança Pública paulista, Guilherme Derrite (PL), Barbosinha se candidatou à Câmara dos Deputados pelo União em 2022 com o nome de Cabo Barbosa, mas não se elegeu. Ele recebeu 2.350 votos e ficou com 34º suplente da sigla.

Trecho do inquérito da Corregedoria da Polícia Militar contra Barbosinha afirma que, durante a campanha, ele teria “utilizado veículos de uma agência para montar o comitê, os quais tinham ligações com criminosos do PCC”.

Em nota ao Metrópoles, a direção estadual do União Brasil disse que “não compactua com maus-feitos de seus filiados” e espera que “a Justiça investigue e, comprovadas as participações em delitos, puna os culpados”, acrescentou.

“Acompanharemos o desenrolar do caso pela Justiça, para as devidas medidas cabíveis”, disse o texto, assinado pelo presidente estadual e deputado federal, Alexandre Leite.

PM já foi suplente antes

Em 2022, Barbosa mirava se eleger para engrossar a bancada da Rota, formada por parlamentares que integraram o batalhão, entre os quais o próprio Derrite, que ainda não havia sido convidado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) para assumir a SSP.

Além da eleição em 2022, Barbosinha também se candidatou a vereador pelo DEM em 2020 e a deputado estadual pelo PSL em 2018. Nas duas ocasiões, ficou como suplente.

Em dezembro de 2023, ao publicar uma foto ao lado de Tarcísio, o PM escreveu na legenda que avaliava a possibilidade de se candidatar novamente a vereador, “pois as leis precisam ser revistas e cobradas conforme o cargo” (veja abaixo).

Print mostra postagem de Barbosinha no Instagram com foto ao lado do governador Tarcísio de Freitas - Republicanos
Post de Barbosinha com foto ao lado de Tarcísio

No passado, ele havia atuado como motorista de Derrite na Rota, onde trabalhavam no mesmo pelotão. Ele chegou a ser recebido pelo atual secretário em um podcast dele no YouTube, em 2021, chamado Papo de Rota.

“Estou muito à vontade, que eu estou trazendo um grande amigo aqui, um grande policial, um grande piloto de Rota. Depois de muita insistência, está aqui o cabo Barbosa, o Barbosinha”, disse Derrite à ocasião.

De acordo com as investigações, Barbosinha era tido pelos colegas como um “empresário de sucesso” no ramo da segurança privada e coordenava esquema de proteção a lideranças da facção.

Entre os chefões do PCC que teriam pagado pelos serviços de Barbosinha, estão, por exemplo, Rafael Maeda Pires, o Japa, que integrava a célula da facção na zona leste da capital e atuava em parceria com Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta; Silvio Luiz Ferreira, o Cebola; e Cláudio Marcos Almeida, o Django.

A Rota e o PCC

O inquérito que apura o envolvimento de Barbosinha e outros policiais militares com a segurança de lideranças do PCC também investiga de que maneira agentes do setor de inteligência do batalhão vazavam informações sigilosas para proteger os chefões da facção.

Entre os beneficiados, estão Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, então líder máximo do PCC fora do sistema carcerário, e Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, líder da célula da facção ligada à UpBus, empresa de ônibus usada para lavar dinheiro.

Em setembro de 2020, durante a Operação Sharks, Tuta teria escapado de um mandado de prisão após ter acesso a informações sigilosas que teriam partido da Rota. Segundo o próprio traficante, o vazamento custou R$ 5 milhões.

Cebola foi beneficiado anos depois, quando escapou de uma ação do MPSP durante o aniversário do advogado Ahmed Assan, o Mudi, também ligado à fação.

De acordo com as investigações, os criminosos pagavam uma mensalidade de R$ 600 mil aos policiais em troca das informações privilegiadas.

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