Decisão de Dino fez Rei do Lixo fretar avião às pressas para Brasília

A Operação Overclean se apresenta como a peça essencial que pode responder às lacunas e consolidar os avanços das investigações conduzidas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto Dino foca na origem das irregularidades, questionando os critérios de liberação e rastreamento de emendas parlamentares, a Overclean explora como esses recursos foram utilizados, desviados e vinculados a fraudes em contratos e obras públicas. Essa integração entre os casos, conforme a coluna revelou, foi um dos argumentos defendidos pela Polícia Federal ao pedir que a relatoria do caso fique com Dino.

No centro das ações, está a decisão de Dino de liberar emendas condicionadas a critérios rigorosos de transparência e rastreabilidade, um marco contra fraudes que mobilizou criminosos a ajustarem suas estratégias. A Polícia Federal acompanhou de perto um desses movimentos que aponta para o caso mais emblemático, que ilustra a clara conexão entre as decisões do STF e a organização criminosa.

Investigações revelam que Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, articulou um fretamento de última hora de uma aeronave privada logo após a liberação das emendas parlamentares com critérios de transparência pelo ministro Flávio Dino, em 2 de dezembro do ano passado.

As evidências colhidas incluem o depoimento do piloto da aeronave, que revelou que o voo foi organizado de maneira emergencial. “Recebi a ligação de Marcos Moura, solicitando o serviço com urgência, ajustando todos os detalhes de logística em menos de 24 horas. Não me informaram o motivo específico, apenas que era uma viagem crucial”, relatou o piloto.

Marcos Moura, além de organizar o fretamento, as investigações mostram que ele coordenou a logística do transporte de dinheiro e instruiu os envolvidos na operação. Em 3 de dezembro de 2024, Alex Rezende Parente e Lucas Lobão, ambos investigados por lavagem de dinheiro e corrupção, embarcaram em Salvador com três malas e duas mochilas que, posteriormente, foram descobertas pela Polícia Federal contendo R$ 1,5 milhão em espécie. A suspeita é de que o dinheiro seria usado para tentar liberar as emendas com parlamentares  “flexibilizando” o quesito transparência determinado por Dino.

A abordagem ocorreu no Aeroporto Internacional de Brasília, onde os agentes apreenderam as quantias e uma planilha com contratos suspeitos, somando mais de R$ 200 milhões. Um ponto de destaque é a citação direta a “MM” nos documentos, possivelmente referindo-se a Marcos Moura.

Durante a operação, os investigados ofereceram versões conflitantes sobre a origem do dinheiro e o propósito da viagem. Enquanto Alex Parente alegou que o montante vinha de vendas acumuladas em cofre empresarial, Lucas Lobão declarou não ter conhecimento do valor transportado.

 

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