Ibovespa fecha em queda com Inflação e exterior na balança

Ibovespa recua com foco em Trump e ajuste fiscal no Brasil

Nesta sexta-feira (24), os investidores repercutiram o IPCA-15, que mostrou uma desaceleração, mas veio acima do esperado, preparando o terreno para as decisões sobre juros da semana que vem. Lá fora, seguimos de olho nos passos de Trump.

Segundo análise de Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, o comportamento da bolsa hoje refletiu um cenário de incerteza, na minha opinião. Externamente, as dúvidas sobre a política tarifária dos EUA criam volatilidade, enquanto internamente, o IPCA-15 acima das expectativas gera preocupações sobre a inflação e os juros.

Apesar disso, o mercado parece estar em um momento de ajuste, calibrando discursos e dados econômicos. No curto prazo, a pressão inflacionária interna e o ambiente externo ainda indefinido devem manter o Ibovespa sob volatilidade. Contudo, o alívio do dólar pode ser um ponto positivo para mitigar quedas mais acentuadas. O mercado, nesse momento, parece estar reagindo de forma defensiva.

As ações de siderúrgicas se destacaram hoje, impulsionadas pela alta no preço do minério de ferro, que avançou em Dalian (+0,69%), Cingapura (+1,29%) e Qingdao. O setor também foi beneficiado pela postura mais flexível do presidente dos Estados Unidos em relação à China. Entre os destaques, Vale, CSN Mineração e Usiminas em alta.

Liderando os ganhos do índice, a Cogna disparou marcando seu sexto pregão consecutivo de alta. O movimento é atribuído ao programa de recompra de ações anunciado recentemente, que foi bem recebido pelos investidores. Com isso, o valor de mercado da companhia alcançou R$ 2,6 bilhões, o maior nível desde novembro de 2024. Na semana, a ação acumula uma valorização de 11%.

Já as maiores quedas do Ibovespa nesta sexta-feira foram lideradas por SLC Agrícola e IRB. As ações da SLC recuaram impactadas pela decisão do governo argentino de reduzir as taxas de exportação (retenciones) para produtos agrícolas. A medida estimula a exportação de farelo de soja pelo país, maior exportador global do produto, pressionando os preços da commodity e afetando negativamente a companhia brasileira.

O dólar cai hoje devido a uma combinação de fatores externos e internos. Externamente, observo que o tom mais brando do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre tarifas à China reduziu as preocupações com a inflação global e enfraqueceu o dólar frente a outras moedas. O peso das commodities como petróleo e minério de ferro também fortaleceu moedas de países emergentes, incluindo o real.

Outro fator relevante foi o desmonte de posições compradas por investidores estrangeiros, que ganharam força em dezembro em meio à fuga de capitais motivada por incertezas locais sobre o comprometimento fiscal do governo. Esse cenário foi agravado pela aversão ao risco no período eleitoral dos Estados Unidos, aumentando a demanda por proteção em dólares e contribuindo para a significativa desvalorização do real frente à moeda americana.

Após a posse de Trump e a ausência de novas tarifas comerciais nos primeiros dias de mandato, a propensão ao risco aumentou, pressionando o dólar para baixo globalmente e beneficiando o real. Além disso, a sazonalidade favorável ao real no início do ano, impulsionada pelas exportações de grãos, reforçou o movimento de valorização da moeda brasileira.

Confira abaixo os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices:

  • Ibovespa: 122.446,94 (-0,03%)
  • S&P 500: 6.101,25 (-0,29%)
  • Nasdaq: 19.954,30 (-0,50%)
  • Dow Jones: 44.424,25 (-0,32%)
  • Dólar: R$ 5,91 (-0,13%)
  • Euro: R$ 6,21 (+0,57%)

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