EUA deportaram 3 mil brasileiros em 2 anos. Trump quer apertar cerco

A política de deportação de imigrantes ilegais é uma realidade nos Estados Unidos, independemente do perfil do governo. A tendência, no entanto, diante do discurso e das ordens impostas pelo presidente Donald Trump, é que o cerco se feche ainda mais. Dos mais de 2 milhões de brasileiros que vivem hoje no país, 230 mil estão em situação ilegal e na mira do Serviço de Imigração.

Nos últimos dois anos do governo de Joe Biden (2023 e 2024), mais de 3 mil brasileiros deportados pelos Estados Unidos chegaram ao Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais, o mesmo onde chegaria na noite dessa sexta-feira (24/1) o primeiro voo com imigrantes ilegais da era Trump.

A aeronave pousou em Manaus nessa sexta e teve problemas técnicos. Até a madrugada de sábado (25/1), aguardava autorização para seguir viagem até o destino final. Dos 158 passageiros de várias nacionalidades, 88 eram brasileiros.

Em 2023, o aeroporto de Confins, que fica a 40 quilômetros de Belo Horizonte, recebeu 14 voos de deportação, sendo 11 dos EUA, dois do Panamá e um de San Juan, na Costa Rica. No ano passado, foram mais 17 voos de deportação, todos saídos de Alexandria, cidade que fica no estado da Virgínia. Somando tudo, dá um total de 3.560 passageiros, sendo que 3.285 vieram do território norte-americano.

Confira os dados:

Com o acirramento da política antimigratória, sob a tutela de Trump, a expectativa é que o volume de deportações aumente nos próximos meses. Só de mexicanos, estima-se a existência de 4 milhões em situação ilegal nos EUA. Já à espera de uma deportação em massa, o governo do México prepara a instalação de nove centros de acolhimento ao longo da fronteira.

Governo brasileiro fala em apoio a deportados

Nessa sexta, o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin (PSB), falou sobre o assunto e prometeu apoio do governo aos brasileiros deportados. “A questão migratória hoje é uma questão mundial. Um mundo mais rico e mais desigual tem um aumento da questão migratória. O governo dará todo o apoio [aos deportados]”, disse ele.

A chegada do voo dessa sexta-feira, com os 88 deportados, já era algo esperado pelas autoridades brasileiras. Na avaliação do governo, ainda não há ligação com as medidas prometidas por Trump, mas sim com o acordo de deportação existente entre Brasil e EUA já há alguns anos. À medida que a política de deportação em massa for sendo colocada em prática, o número de voos e passageiros deve aumentar.

A exemplo do México, que já se prepara para receber os milhões de deportados, essa situação exigirá adaptação de vários outros países. Só de El Salvador, são 750 mil imigrantes em situação ilegal nos EUA; da Índia, são 725 mil; da Guatemala, 675 mil; de Honduras, 525 mil; China, 375 mil; e República Dominicana, assim como o Brasil, tem 230 mil.

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Governo Trump já fez mais de 460 prisões de imigrantes ilegais

Imigrantes se preparam para serem transportados por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA após cruzarem a fronteira EUA-México
Imigrantes são processados ​​​​por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA após cruzarem para os EUA vindos do México através de uma ferrovia abandonada
Imigrante mexicana Mariana, 38, segura sua filha Liani enquanto era detida pelos oficiais da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA após cruzar para os EUA
Imigrantes são processados ​​​​por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA
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Imigrantes de todas as nacionalidades sendo deportados dos EUA

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Governo Trump já fez mais de 460 prisões de imigrantes ilegais

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Imigrantes se preparam para serem transportados por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA após cruzarem a fronteira EUA-México

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Imigrantes são processados ​​​​por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA após cruzarem para os EUA vindos do México através de uma ferrovia abandonada

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Imigrante mexicana Mariana, 38, segura sua filha Liani enquanto era detida pelos oficiais da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA após cruzar para os EUA

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Imigrantes são processados ​​​​por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA

Qian Weizhong/VCG via Getty Images

Como funciona a chegada ao Brasil

Até o momento, não ficou claro como o governo pretende apoiar os brasileiros deportados. Em regra, o país não possui uma política específica para recepcionar deportados. Em geral, quem recepciona e acompanha o procedimento de chegada no aeroporto, em solo nacional, é a Polícia Federal (PF).

O site do Itamaraty disponibiliza algumas informações sobre o que ocorre com imigrantes ilegais alvos de processos de deportação nos Estados Unidos. As pessoas costumam ficar presas de um a três meses, antes de serem efetivamente deportadas. Além disso, em determinados casos, não é permitido o contato com familiares.

Todos, no entanto, podem comunicar o consulado brasileiro com jurisdição no local onde eles estão, e o consulado faz a “ponte” com a família, seja nos EUA ou no Brasil. O papel da embaixada local, no entanto, é restrito. “O Consulado não pode influenciar as decisões das autoridades imigratórias dos Estados Unidos. Cartas, e-mails, telefonemas em nada alterarão as chances [da pessoa] de permanecer no país”.

Além disso, muitas vezes, os alvos de deportação correm o risco de sequer saberem a data exata de quando serão enviados ao Brasil. “Cabe às autoridades imigratórias informar ou não aos deportandos sobre a sua data de partida para o Brasil. O Consulado, sempre que necessário, procura conseguir essa informação, mas nem sempre é possível”, informa o Itamaraty.

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