Mauro Cid cita senador de SC em braço ‘mais radical’ da suposta tentativa de golpe de Estado

Em depoimento à Polícia Federal em agosto de 2023, o tenente-coronel Mauro Cid apontou que o senador Jorge Seif (PL-SC) defendia a suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.

Senador Jorge Seif teria incentivado Bolsonaro a dar golpe de Estado

Mauro Cid aponta que o senador Jorge Seif fazia parte do grupo que instigava Bolsonaro a dar o golpe de Estado, com apoio das Forças Armadas – Foto: @jorgeseifjunior/Instagram/ND

O teor da delação premiada foi revelado pelo colunista Élio Gaspari, da Folha de S. Paulo, e confirmado pelo Estadão. De acordo com a reportagem, Jorge Seif faria parte do braço “mais radical” entre os aliados de Bolsonaro.

Segundo Mauro Cid, o núcleo de apoio ao ex-presidente era dividido em grupos: uma ala conservadora, um grupo moderado e os radicais, que se dividiam entre os mais e os menos radicais.

A parte “mais radical” é descrita pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro como um grupo de pessoas “que se encontravam com presidente, esporadicamente, com a intenção de exigir uma atuação mais contundente”.

Tentente-coronel Mauro Cid ao lado do então presidente Jair Bolsonaro

Segundo a delação, Bolsonaro considerava encontrar fraude nas eleições ou então convencer as Forças Armadas a aderir ao golpe de Estado – Foto: Isac Nóbrega/PR/Reprodução/ND

Mauro Cid afirma que essas pessoas “romantizavam” o artigo 142 da Constituição Federal, dispositivo que regulamenta a atuação das Forças Armadas, como fundamento para o suposto golpe de Estado.

Eles acreditavam que, se colocasse a ideia em prática, Bolsonaro “teria apoio do povo e dos CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores)”.

“Tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado”, declarou Mauro Cid à Polícia Federal.

Além do senador catarinense Jorge Seif, fariam parte do grupo o ex-assessor especial da Presidência, Filipe Garcia Martins, os ex-ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Gilson Machado (Turismo), o senador Magno Malta (PL-ES), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Suposto plano golpista mirava em Lula, Alckmin e Moraes

Plano “Punhal Verde Amarelo” pretendia matar Lula, Alckmin e Moraes após as eleições de 2022 – Foto: Reprodução/ND

O general Mário Fernandes, apontado pela investigação como autor do plano “Punhal Verde e Amarelo”, também era membro da ala. Na época, ele era secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e teria imprimido o plano no Palácio do Planalto.

A operação “Punhal Verde e Amarelo” previa o assassinato de autoridades como o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Ainda segundo o primeiro anexo da delação, Mauro Cid revela que Bolsonaro trabalhava com duas hipóteses: “A primeira seria encontrar uma fraude nas eleições e a outra, por meio do grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderir a um golpe de Estado”.

Senador Jorge Seif nega participação em suposta tentativa de golpe de Estado

Senador Jorge Seif nega participação em plano de golpe de Estado

Jorge Seif, senador por Santa Catarina, contesta depoimento de Mauro Cid à Polícia Federal – Foto: Roque de Sá/Agência Senado/ND

Em nota ao Estadão, o senador Jorge Seif afirmou que as declarações de Mauro Cid sobre a suposta tentativa de golpe de Estado são “falaciosas, absurdas e mentirosas”.

“Nego veementemente que em quaisquer de meus encontros com o presidente tenha abordado ou insinuado decretação de intervenção ou outras medidas de exceção”, diz a manifestação.

Senador Magno Malta nega acusações de Mauro Cid

Magno Malta diz que conversas com Bolsonaro eram  “momentos de consolo, orações e leitura da Bíblia”  – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O senador Magno Malta também reiterou que nunca incentivou o ex-presidente a dar um golpe de Estado e informou que está à disposição para prestar esclarecimentos à Justiça.

“Minhas interações com Bolsonaro após as eleições eram pautadas em momentos de consolo, orações e leitura da Bíblia. Estou plenamente disposto a cooperar com as autoridades, buscando esclarecer quaisquer dúvidas que possam surgir”, disse em nota ao Estadão.

“Acredito que a menção do meu nome está relacionada ao tempo que passei com o ex-presidente, mas reitero que não há fundamento para preocupações, pois não cometi nenhum crime”, concluiu.

*com informações do Estadão Conteúdo

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