Ibama apreende rifle e cachorros usados por mulher para matar onça

Além de aplicar multa aos responsáveis por caçar e matar uma onça-parda no interior do Piauí, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu o rifle e os quatro cachorros usados pela família para cometer o crime. Os animais foram levados para adoção.

O Ibama identificou que Eula Pereira da Silva, de 32 anos, moradora da cidade do Rio de Janeiro, é quem porta espingarda de modelo boito, calibre 32, usada para atingir a onça-parda em cima de uma árvore, em uma área de caatinga. A identidade dela foi revelada pela coluna.

O crime aconteceu na cidade de Alto Longá, município a 80 km da capital do Piauí, no dia 16 de dezembro. Eula sai para caçar acompanhada do pai, que desfere pauladas no felino ferido, e da irmã, responsável por fazer a filmagem. A todo instante, eles estão acompanhados de quatro cães usados para avançar no animal em extinção.

Todos os três membros da família foram multados em R$ 20 mil, cada um, pelos seguintes crimes:

  • Ato de abuso, ferindo uma onça-parda (Puma concolor) em atividade de caça irregular – R$ 3 mil
  • Caçar uma onça-parda (Puma concolor), sem autorização do órgão ambiental competente – R$ 5 mil
  • Praticar ato de maus-tratos a quatro cachorros utilizados na atividade de caça de onça – R$ 12 mil

Repercussão do vídeo gerou debate sobre valor das multas

Em vídeo publicado nas redes sociais do Ibama, o agente ambiental Bruno Campos explicou que, no caso dos cães, houve maus-tratos aos animais, porque eles receberam pauladas dos donos e foram colocados em risco na hora de abater a onça. “Eles tomam pauladas e correm risco para tentar capturar aquele animal’”.

Com a repercussão do caso, o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas tiveram que agir rápido diante do questionamento da população sobre o valor da multa aplicada aos autores pelo crime.

Os valores das multas e aplicação das penas, explica Bruno Campos no vídeo, não são definidas pelos respectivos órgãos, mas sim definidas em lei.

 

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“No âmbito administrativo o Ibama é o órgão responsável. É ele que aplica sanções baseadas no Decreto 6.514, de 2008, especialmente nos artigos 24 e 29, que regulam as infrações e penalidades relacionadas à proteção de animais”, endossou o órgão em nota.

O Ibama lembrou ainda que quem mata um animal silvestre, como a onça, não responde à mesma penalidade de quem mata um animal doméstico. Ou seja, o crime de quem mata um animal silvestre, segundo a legislação, é de menor potencial.

Mulher usou espingarda Boito calibre 32 para matar onça no interior do Piauí
Mulher usou espingarda Boito calibre 32 para matar onça no interior do Piauí

O que diz a família sobre morte de onça

Procurada, a irmã de Eula, Heliude Pereira da Silva admitiu à coluna que foi a responsável por fazer a filmagem e que mora com o pai, Manoel Pereira da Silva, de 73 anos, em Alto Longá. Ela informou que não irá se pronunciar e que os advogados da família estão cuidando do caso. “Mais para frente vocês saberão toda a verdade”, afirmou, sem dar detalhes.

Ela disse que prefere se resguardar devido à repercussão que o caso teve na cidade em que mora. “Claro que, pelo olhar da sociedade, claro que foi errado, mas a gente não pode sair julgando, sem saber porque isso realmente aconteceu. E muita gente fica especulando”, concluiu.

A coluna tentou contato com Eula, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.

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