Claudia Raia: pré-adolescentes devem ter vibrador? Sexólogas comentam

A atriz Claudia Raia se viu no meio de uma polêmica depois de afirmar, em entrevista a um programa português, ter dado um vibrador para a filha Sofia, quando a menina tinha 12 anos.

Após a repercussão negativa, a artista decidiu se pronunciar nas redes sociais, onde afirmou que a fala foi tirada de contexto. Claudia aproveitou para comentar que sempre foi aberta à conversa com os filhos.

“Sempre incentivei o diálogo aberto com meus filhos sobre todos os temas, incluindo educação sexual, de maneira respeitosa e adequada para cada idade. Como mãe, minha prioridade sempre foi criar um ambiente de confiança e informação”, disse.

Psicólogas e sexólogas ouvidas pelo Metrópoles concordam que a sexualidade deve ser um tema conversado dentro de casa, mas fazem ressalvas em relação a quando e como abordar o assunto.

Tem idade para falar sobre sexo?

A psicóloga Alessandra Araújo, que atende em Brasília, considera que cada criança e pré-adolescente tem o próprio tempo e processo de amadurecimento. Assim, o assunto deve ser abordado a partir do momento que as dúvidas começam a surgir.

“Elas estão expostas a informações na internet, na escola, na roda de amigos. A partir do momento que a curiosidade surge e eu vejo que meu filho tem um amadurecimento da sexualidade e a libido do pré-adolescente está latejando, eu tenho que sentar e tirar aquela dúvida”, afirma.

A psicóloga aponta que pré-adolescentes com 12 anos já têm respostas hormonais e os pais devem estar próximos para acolher e esclarecer dúvidas. “Quantas adolescentes engravidam por falta dessa orientação sexual?”, considera.

Mas Alessandra pondera que os pais não precisam se aprofundar no tema, indo além da demanda dos filhos. “Não é preciso dar uma aula sobre biologia, fisiologia e sexualidade, apenas sanar a curiosidade que a criança ou o adolescente tem”, considera.

Crianças e pré-adolescentes devem ter contato com vibrador?

A psicóloga e sexóloga Damaris Baldacci, que atende em Brasília, aponta que a conversa sobre sexo é uma ferramenta importante para prevenir abusos, falando sobre os limites do corpo, quem deve ou não tocar neles.

No entanto, ela explica que falar sobre sexualidade é diferente de estimular o sexo em si, o que pode levar à erotização. “É natural que uma criança ou pré-adolescente comece a ter prazer nas zonas erógenas ao sentar em uma cadeira ou usar o chuveirinho, por exemplo, e isso não deve ser repreendido. Mas não é porque temos a terminação nervosa que precisamos antecipar o estímulo”, considera Damaris.

De acordo com a ginecologista Lauriene de Sousa, que atende em Brasília, meninas começam a ter interesse por sexualidade quando menstruam e sofrem alterações hormonais. Embora tenham curiosidade sobre o próprio corpo, a maioria delas não tem a perspicácia sobre brinquedos sexuais como os vibradores.

Quando o interesse surgir, os pais podem explicar como o produto funciona, mas sem a necessidade de estimular o uso dele. “Os pais são as melhores pessoas para falar sobre esse assunto porque as escolas estão mais reservadas sobre o assunto, mas não considero que esse seja o momento para dar um vibrador de presente. Com 12 anos é muito precipitado. Ela tem que ser preparada e saber o que é o sexo primeiro”, considera Lauriene.

Estimulação mecânica

Damaris lembra que existem diferentes tipos e formatos de vibradores — alguns imitam flores e batons, por exemplo, e não necessitam de penetração. Ainda assim, não há a necessidade desse tipo de estimulação mecânica tão precoce que, segundo a especialista, pode ter impactos no prazer na vida adulta.

“O uso do vibrador, até mesmo para adultos, deve ser comedido. Conforme as pessoas conseguem falar com mais abertura sobre o assunto, o que é bom, acabou se criando um ambiente de forçação para que se tenha o estímulo, e quanto mais rápido, melhor. Mas algumas pessoas deixam de ter prazer e não conseguem atingir o orgasmo com o coito, somente com a estimulação mecânica do clitóris”, considera.

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