Se a eleição fosse hoje, segundo Kassab… Mas ela só será em 2026

Entre os políticos de todos os matizes, Gilberto Kassab, secretário do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e presidente nacional do PSD, é tido atualmente como o melhor CEO de partidos. Em 2011, ele começou a construir o seu a partir de  nada.

Hoje, o PSD está entre os cinco maiores e saiu do segundo turno das eleições municipais de 2024 como a sigla que governará a maior fatia dos brasileiros – 37,3 milhões. Há oito anos, governava 13,4 milhões. Por isso, quando Kassab fala o país escuta.

Até o final do ano passado, em conversa com jornalistas e palestras para empresários, Kassab dizia que Lula era favorito para se reeleger em 2026. E não negava que Lula poderia contar com o apoio do PSD, dono de três ministérios no seu governo.

Em encontro, na quarta-feira (29), com investidores em São Paulo, Kassab parece ter mudado de opinião. Disse que Lula é um candidato forte, mas que se a eleição fosse hoje, ele a perderia. Criticou Fernando Haddad, ministro da Fazenda, chamando-o de fraco

Foi especialmente duro com ele. Afirmou que não vê nenhuma articulação do ministro para reverter a piora no cenário econômico e que Haddad não consegue levar adiante projetos que considera importantes. Ao governo, faltaria “uma boa marca”.

Por fim, deu uma nova estocada em Lula ao lembrar sua perda de popularidade no Nordeste, apontada pela mais recente pesquisa de opinião pública do instituto Quaest. Lula nada respondeu. Haddad limitou-se a dizer que não leu as declarações de Kassab.

Oi, o que deu em Kassab, que aproveitou a ocasião para elogiar Paulo Guedes, o ministro da Economia do governo Bolsonaro, e adiantou que os partidos do centro-direita estão criando uma alternativa a Lula para 2026? Quem mudou? Kassab ou Lula?

A birra de Kassab com Haddad é antiga, dos tempos em que ele era prefeito de São Paulo e Haddad ambicionava o seu lugar, e por isso o atacava. Mas é antiga também a admiração de Kassab por Lula e os dois sempre se deram bem. Algum interesse foi contrariado?

Nas duas últimas semanas, nas cercanias de Lula, dava-se como possível um convite a Kassab para que ocupasse um ministério importante do governo a ser reformado em breve. Kassab foi ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações do governo Temer.

A reforma poderá defenestrar do governo o ministro da Agricultura, que é do PSD, mas atrair outro nome do PSD, o deputado baiano Antônio Brito. O projeto de Kassab é outro: ser vice de Tarcísio se ele se candidatar à reeleição, sucedendo-o em 2030.

O problema de dizer que se a eleição fosse hoje, fulano ou sicrano se elegeria ou seria derrotado, é que a eleição nunca é hoje. Lula ainda tem dois anos para confirmar ou ver por terra seu favoritismo. É preciso cautela na análise de números de pesquisas.

No momento, de acordo com a Quaest, Lula é reprovado por 49% dos eleitores e aprovado por 47%. A fake news sobre a tributação das transações via pix teve lá seu peso no aumento do mal humor dos brasileiros, assim como o preço dos alimentos.

A inflação estava alta e o país à beira da recessão quando Dilma Rousseff se reelegeu em 2014. Foi ela, e não Aécio Neves (PSDB), segundo pesquisas qualitativas da época, quem transmitiu ao eleitor maior segurança para lidar com a situação da economia.

Em julho de 2022, a três meses de renovar seu mandato, Bolsonaro dava como certa a vitória de Lula. Foi quando começou a conspirar para derrubar a democracia se sua previsão se consumasse. Abertas as urnas do segundo turno, ele não venceu por um suspiro.

Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Lula e Kassab sabem disso.

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