Nunes cobra explicação da PM sobre segurança suspeito de elo com PCC

São Paulo — O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) disse, nesta sexta-feira (31/1), que a Polícia Militar terá que explicar a presença do capitão da PM Raphael Alves Mendonça na equipe que integrava a segurança pessoal do prefeito.

Mendonça é investigado por vazar informações que teriam favorecido o Primeiro Comando da Capital (PCC), e é acusado de ser amigo pessoal de líderes da facção criminosa.

Durante a agenda, o prefeito comentou que a polícia militar é responsável por indicar os nomes que vão compor a Assessoria da Polícia Militar do seu gabinete e que apenas formaliza as designações. No caso de Mendonça, ele disse que não conhecia o capitão, que ocupava um cargo administrativo na sua equipe de segurança pessoal.

“Quem define os policiais que vão  trabalhar comigo é o comando da polícia militar. Não sou eu que escolho, eu não conheço ele e nunca trabalhou comigo diretamente. (…) Se ele era investigado, a Polícia Militar precisa explicar para você e para mim. A Polícia Militar precisa explicar”, disse Nunes.

Mendonça perdeu o seu cargo na Assessoria após uma reforma da equipe feita por Nunes nesta quinta-feira (30/1).

Após a revelação que o capitão da PM é investigado pela Corregedoria da Polícia por ligação com a facção criminosa, o prefeito disse que pediu que a assessoria militar “fizesse uma varredura” na guarda, solicitando que policiais com qualquer tipo de suspeita fossem mantidos longe dele.

Entenda

  • Antes de integrar a assessoria policial militar do gabinete do prefeito, Raphael Alves Mendonça atuou na Rota entre janeiro de 2016 e setembro. de 2022, período que coincide com o período em que a infiltração do PCC na corporação teria ocorrido.
  • Mendonça era chefe da Agência de Inteligência e chefe da Seção de Polícia Judiciária Militar e Disciplina (SPJMD).
  • Ao assumir o comando da SPJMD, ele, que era tenente na época, foi promovido à patente de capitão, apesar das suspeitas em relação aos vazamentos.
  • De acordo com o inquérito policial militar, Mendonça tinha “contato rotineiro” com os PMs envolvidos no esquema e realizava confraternizações com eles na própria casa.
  • Na Rota, o esquema de vazamento do capitão era realizado com auxilio de pelo menos quatro  subordinados. Entre eles, estava cabo Vagner de Deus Leão, conhecido como Gato Grande.
  • Conforme revelado pelo Metrópoles, os traficantes do PCC pagavam uma mensalidade de R$ 600 mil para os policiais da Rota em troca dos vazamentos de informações sigilosas sobre operações e movimentações de viaturas.
  • Rafael saiu da rota em setembro de 2022, quando  foi transferido para o Comando de Policiamento de Choque para exercer a função de chefe da Agência Regional. Posteriormente ele seria nomeado à assessoria policial militar da Prefeitura de São Paulo.
  • Na assessoria da Prefeitura, ele recebia uma gratificação de R$ 7.560 mensais, perdida com o fim do vínculo.

O que diz a SSP

Em nota ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública disse que a Corregedoria da Polícia Militar apura rigorosamente as denúncias de envolvimento de integrantes da corporação com o crime organizado.

Segundo a SSP, até o momento, 17 policiais já foram detidos e as investigações prosseguem no âmbito da força-tarefa criada para investigar os fatos. A secretaria disse que “mais detalhes serão preservados para não atrapalhar as apurações”.

A PM disse que “reforça seu compromisso com a legalidade e destaca que nenhum desvio de conduta será tolerado”.

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