Pesquisa do IBGE enfrenta desafios com recusa de moradores do DF

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2024/2025 (POF) em novembro do ano passado. Após três meses em campo, um dos principais desafios para a coleta de dados em domicílios no Distrito Federal tem sido o número alto de recusas para responder aos questionários.

A POF visa principalmente mensurar as estruturas de consumo das famílias e possibilita traçar um perfil das condições de vida da população a partir da análise de seus orçamentos domésticos.

No Distrito Federal, a coleta de dados ocorre em 2.926 residências de áreas urbanas e rurais até novembro deste ano. Desse total, 629 domicílios já foram visitados nos três primeiros meses.

De acordo com o IBGE, 47 moradores (7%) se recusaram receber o entrevistador e realizar a pesquisa, outros 66 (10%) não retornaram as tentativas de contato do entrevistador. Nesse último caso não é considerado recusa pois não houve a manifestação formal do morador em não receber o pesquisador. Outros 99 endereços (15%) eram domicílios que estavam sem pessoas residindo.

A pesquisa atualiza a lista de gêneros de consumo que é referência para o cálculo do índice oficial de inflação do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Por meio de questionários bastante detalhados, o IBGE consegue saber quanto do orçamento das famílias é destinado aos gastos com alimentos, roupas, medicamentos ou passagens de ônibus, por exemplo. Esta edição da POF também inclui um módulo que, de forma inédita, pesquisará o uso do tempo dos brasileiros.

Mais de 100 mil domicílios serão visitados em todo o território nacional nos próximos meses, a fim de retratar a rotina das famílias.

O coordenador da pesquisa no DF, Rafael Gomes Pereira, reforça que a POF é um dos estudos mais importantes para a economia brasileira.

“A inflação é o indicador principal do país. Se a gente não atualiza esses dados a cada cinco anos, não conseguimos expressar a inflação que, de fato, está acontecendo no dia a dia das famílias. Por meio desses dados, conseguimos traçar indicadores de insegurança alimentar, e também informações sobre qualidade de vida, bem-estar econômico, físico e social”, ressalta o coordenador.

As informações da POF são obtidas por meio de entrevistas realizadas pelas equipes do IBGE, junto aos moradores dos domicílios selecionados, durante um período de nove dias consecutivos, através da aplicação de equipamentos eletrônicos sob a forma de entrevistas e de registros diários pelo informante.

Além daqueles que se recusam a responder a pesquisa no primeiro contato por acharem que se trata de golpe, existem aqueles que iniciam a coleta de dados, mas não concluem após o período nove dias.

De acordo com Pereira, um dos principais motivos na recusa dos moradores em responder a pesquisa tem a ver justamente com a metodologia aplicada. “Eles acham muito trabalhoso, não veem como benefício e acabam desistindo”, diz.

“Os recenseadores permanecem nove dias em contato com o domicílio. No primeiro dia eles fazem uma visita e depois continuam um acompanhamento com os moradores por sete dias, em que os moradores registram todas as despesas da casa ao longo desse período. No nono dia, o colaborador volta para coletar essas informações e aplicar mais um questionário”, explica.

Multa

Responder ao IBGE é um dever legal de todos os brasileiros. Aqueles que se recusarem poderão ser multados. De acordo com a Lei nº 5.534, de 14 de novembro de 1968, quem se negar a prestar informações solicitadas “ficará sujeito à multa de até 10 (dez) vezes o maior salário-mínimo vigente no País, quando primeiro; e de até o dobro desse limite quando reincidente. Caso a recusa seja reincidente, o cidadão pode ser multado em até 10 vezes o valor do salário mínimo”.

“Nós sempre dizemos ao informante que recusa que existe a previsão legal de multa, mas que nós buscamos pela colaboração da população pois o nosso objetivo é levantar informações que exprimam a realidade de fato. Sempre tentamos reverter já que as informações coletadas nos servem mais do que o pagamento da multa.”, destaca o coordenador.

A lei ainda garante que os dados coletados pelo instituto são sigilosos: “As informações prestadas terão caráter sigiloso, serão usadas exclusivamente para fins estatísticos, e não poderão ser objeto de certidão, nem, em hipótese alguma, servirão de prova em processo administrativo, fiscal ou judicial, excetuado, apenas, no que resultar de infração a dispositivos desta lei”.

Ficou com medo? Saiba como evitar golpe

Os entrevistadores do IBGE devem utilizar colete contendo logotipo, site e telefone 0800, o crachá de identificação exposto no colete ou pendurado no pescoço contendo nome e matrícula do entrevistador e o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC).

Também é possível verificar a identidade do entrevistador pelo site ou pelo telefone 0800 721 8181. Neste endereço é possível verificar se o agente é mesmo do quadro do IBGE. Basta colocar a matrícula, CPF ou RG dele.

 

 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.