Coronel que saiu no tapa já assediou funcionária: “Desejo de foder”

Um dos oficiais médicos do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) que saiu no tapa com outro colega de farda, dentro da policlínica médica da corporação, no Setor Policial, em Brasília (DF), tem um longo histórico de confusões.

O tenente-coronel e anestesista Rafael Villela Silva Derre Torres (foto em destaque), 47 anos, já foi investigado por xingar e assediar pacientes e funcionários da área da saúde, além de alguns que atuam em hospitais do Distrito Federal.

Em 2023, o anestesista foi denunciado por assédio sexual. Torres teria dito à recepcionista de uma clínica particular onde trabalhava que “sentia o desejo de levar a vítima para o consultório e foder com ela”.

Em 2022, o profissional de saúde foi filmado por testemunhas ao discutir com um paciente no Centro Cirúrgico do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF).

O boletim de ocorrência registrado à época com a denúncia de assédio detalha que o médico conversava com a funcionária da clínica sobre a possível recontratação de uma ex-empregada da clínica.

A vítima tinha desavenças com a antiga colega e relatou ao chefe que percebia comentários insultuosos e de cunho sexual por parte da ex-funcionária. “A vítima mencionou que a situação era tão opressiva que achava que entraria em colapso psicológico”, segundo o boletim de ocorrência.

O major dos bombeiros teria dito que sabia do assunto e, com comentários semelhantes, que era acusado constantemente pela esposa de cometer adultério. Nesse momento, o médico teria aproveitado o assunto e questionado à vitima se ela gostaria de “entrar em surto” com ele. “Pois, de tanto a esposa duvidar, ele sentia desejo de levar a vítima para o consultório e foder com ela”.

A recepcionista contou em depoimento que se sentiu envergonhada, constrangida, com a honra violada e que tentou mudar de assunto. “No entanto, o chefe continuava a incitá-la, por meio de expressões como: ‘Não tem coragem?’, ‘Você tem namorado?’, ‘[Você] precisa ir embora antes que eu faça uma besteira’, ‘É melhor você ir embora ou trabalhar na outra sala, porque não consigo ficar no mesmo ambiente que você’”, detalhou a denúncia.

Discussão com pacientes

Em julho de 2022, Rafael foi gravado por testemunhas ao discutir com o acompanhante de uma paciente, na sala de recuperação do Centro Cirúrgico do HBDF.

Testemunhas relataram que o médico havia sido acionado pela equipe de enfermagem da sala para dar alta à paciente, mas teria se recusado a ir até lá.

Após algum tempo, quando o anestesista resolveu assinar a alta, ele teria começado a gritar com a equipe de enfermagem e tratado mal o acompanhante da paciente, segundo uma testemunha que preferiu não se identificar.

Em seguida, o médico e a pessoa internada, ainda deitada na maca, começaram a bater boca. Pelo vídeo, é possível ouvir quando o acompanhante diz: “Você está passando vergonha no hospital. Trate minha mãe bem. Minha mãe não é cachorro, não. Você é um babaca”.

E o médico rebateu: “Você que está passando vergonha. Eu estou tratando-a bem. Você está me desrespeitando, me agrediu e me xingou. Chama a polícia, que ele me xingou. É desacato isso. Você me desacatou. Está preso”.

Assista:

Sobre a confusão na policlínica, nesta quarta-feira (5/2), o CBMDF informou por meio de nota que houve um desentendimento entre dois integrantes da corporação, o que “culminou em vias de fato”, com prisão em flagrante dos envolvidos por prática de crime militar.

“Os envolvidos foram apresentados ao Poder Judiciário, que concedeu liberdade provisória [a ambos]. A corporação reitera que preza pela conduta ilibada e exemplar dos militares, pautada pelos regulamentos e pilares que norteiam a instituição”, acrescentou o Corpo de Bombeiros. “O CBMDF segue acompanhando o caso, junto aos setores responsáveis, e adotará todas as medidas administrativas de competência.”

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