Tiros e granadas. Como a PF conseguiu desmentir Roberto Jefferson

O ataque do ex-deputado Roberto Jefferson a uma equipe da Polícia Federal (PF), em outubro de 2022, chocou o país pela audácia do político ao atacar agentes federais. A complexidade do episódio, marcado por disparos de fuzil e o lançamento de granadas, exigiu um trabalho minucioso dos peritos para determinar com precisão a trajetória dos tiros e a sequência dos fatos.

Para isso, a Polícia Federal recorreu ao scanner 3D. “Quando chegamos ao local, a viatura alvejada já não estava lá. Como tínhamos a cena original, escaneamos a casa e, separadamente, a viatura na superintendência do Rio de Janeiro. Depois, posicionamos virtualmente o carro no local do crime, possibilitando a reconstrução da trajetória dos disparos,” explica Bruno Pitanga, perito criminal da PF.

A tecnologia também ajudou a esclarecer uma nova acusação contra Roberto Jefferson. Inicialmente, ele alegou que um dos tiros que atingiu o carro de sua esposa estacionado em frente a uma casa vizinha foi disparado pelos policiais. No entanto, a reconstrução da cena revelou que o disparo partiu da sacada da casa do ex-deputado, desmontando sua versão.

Graças a essa prova técnica, Jefferson não foi apenas indiciado pelas tentativas de homicídio contra os policiais, mas também foi responsabilizado pelo disparo contra a residência vizinha.

Cena do crime
O ex-deputado disparou mais de 50 tiros contra os policiais federais, além de lançar três granadas modificadas. Bruno Pitanga usou tecnologia 3D para reconstituir cada momento do fato. “O Roberto Jefferson apareceu com uma granada na mão e ameaçou jogar nos policiais. Os policiais tentaram argumentar, mas ele puxou o pino e lançou a granada. Logo depois, pegou um fuzil e iniciou os disparos contra os policiais, principalmente contra a viatura,” relata.

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Perito criminal Bruno Pitanga

Scanner usado pela PF
Tecnologia auxilia nas investigações
Equipamentos usados pela perícia
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Scanner permite reproduzir cenário 3d

Vinícius Schmidt/ Metrópoles

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Perito criminal Bruno Pitanga

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Scanner usado pela PF

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Tecnologia auxilia nas investigações

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Equipamentos usados pela perícia

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Os peritos encontraram 42 perfurações de bala só na viatura. Muitos tiros atingiram o banco do carona, incluindo o encosto de cabeça. Um dos policiais foi gravemente ferido.

A perícia também analisou os estilhaços das granadas usadas no crime. As bombas lançadas por Jefferson eram originalmente de luz e som, usadas para efeito moral. No entanto, a investigação revelou que as três granadas foram modificadas com pregos colados nos explosivos por fita adesiva, aumentando seu poder letal.

Para verificar o estrago que as granadas modificadas poderiam fazer, os peritos recriaram a cena do crime. Usaram um explosivo idêntico, colaram pregos do mesmo modelo encontrado na residência e filmaram a detonação com uma câmera de alta velocidade. O estudo mostrou que os fragmentos atingiram velocidades superiores a 280 km/h. “A energia cinética dessa explosão poderia causar ferimentos graves ou até morte, dependendo da região do corpo atingida,” conclui a perícia.

 

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